Minas Gerais celebrou, nesta segunda-feira (1º/12), os 40 anos da primeira Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), marco que reforça o papel do estado na proteção e no acolhimento das vítimas. Durante o evento realizado na CDL/BH, o vice-governador Mateus Simões assinou um despacho governamental que determina providências para implementar projetos de lei que ampliam políticas de atendimento às mulheres em situação de violência, fortalecendo o trabalho das forças de segurança.
O documento estabelece novas diretrizes para o registro e identificação das violências, a criação do Observatório Estadual da Violência contra a Mulher e a intensificação da divulgação de canais de denúncia. A iniciativa busca aprimorar a resposta do estado em todas as etapas — da prevenção à responsabilização dos agressores.
A delegada-geral Letícia Gamboge destacou que o avanço das Deams acompanha quatro décadas de transformação. O que começou em uma estrutura modesta se tornou uma rede com 70 unidades no estado, dedicada exclusivamente ao atendimento humanizado e especializado. Ela reforçou que a mudança de postura nas delegacias é essencial para acolher mulheres fragilizadas, permitindo que relatem a violência sem reviver o trauma repetidamente.
Os dados apresentados durante o encontro mostram uma queda de 15% nos casos de feminicídio (consumados e tentados) entre janeiro e outubro de 2025, em comparação com o mesmo período de 2024. O número expressivo de pedidos de medidas protetivas — 54.824 apenas neste ano — demonstra que cada vez mais mulheres têm buscado apoio e proteção.
A Polícia Civil credita grande parte desses avanços ao programa “PCMG por Elas”, que integra ações de prevenção, acolhimento e investigação especializada. Iniciativas como o Plantão Lilás 24 horas, a Casa da Mulher Mineira, o aplicativo Chame a Frida e o Programa Dialogar, focado na conscientização de agressores, tornam a rede de atendimento mais robusta e acessível.
Além disso, operações como a Imparo têm acelerado a prisão de autores de violência doméstica. O Núcleo Especializado de Investigação de Feminicídio mantém índice de 100% de elucidação dos casos no estado, reforçando o compromisso das autoridades com respostas rápidas e rigorosas.
Apesar das conquistas, Gamboge enfatizou que o maior desafio continua sendo a mudança cultural. Para ela, somente a transformação das relações sociais e a consciência coletiva sobre o respeito às mulheres podem reduzir, de maneira permanente, os índices de violência. Mateus Simões concordou, destacando que o enfrentamento deve começar no comportamento individual de cada homem, e não apenas na atuação das forças de segurança.
A solenidade encerrou reafirmando o compromisso de Minas Gerais com a proteção das mulheres e a continuidade de políticas que garantam acolhimento digno, investigação eficiente e punição rigorosa para quem comete violência.
Foto: Videopress Produtora
Fonte: O Tempo — 01/12/2025
















