Em Minas Gerais, os acidentes de trânsito resultam em nove mortes diárias e custos que, em 2024, devem ultrapassar R$ 5 bilhões. Esses incidentes são a principal causa de morte entre pessoas de 5 a 29 anos no mundo. Durante o Maio Amarelo, mês dedicado à conscientização sobre segurança no trânsito, especialistas destacam a urgência de medidas para salvar vidas e reduzir os elevados custos sociais e econômicos.
Impactos financeiros e humanos
O Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV) estima que os gastos com acidentes de trânsito em Minas Gerais, entre 2018 e 2027, alcançarão R$ 5 bilhões. A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) relata que, entre 2015 e 2023, 31.290 pessoas morreram em acidentes de transporte terrestre, uma média de nove por dia. Em 2023, foram registrados 3.375 óbitos.
Além das mortes, 211.641 vítimas de acidentes de trânsito necessitaram de internação hospitalar nesse período. “Um acidente de trânsito não afeta apenas a vítima e seus familiares, mas gera impactos sociais capazes de afetar a economia, principalmente nos casos de invalidez ou morte”, analisa o ONSV.
Em 2022, apenas em rodovias federais, os acidentes em Minas Gerais custaram R$ 1,69 bilhão aos cofres públicos, o maior valor entre todos os estados brasileiros. O país gastou R$ 12,92 bilhões com acidentes, quase o dobro do investimento federal em infraestrutura rodoviária no ano anterior.
Custos elevados e prevenção
Os custos por vítima de acidentes incluem reparos de pavimento, operações de resgate, lesões e internações hospitalares. Alisson Coimbra, diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), destaca que esses eventos são evitáveis e consomem recursos proporcionalmente à sua complexidade. “É uma cascata de gastos. Não há valor financeiro que represente a tentativa de salvar uma vida”, afirma Coimbra.
Saúde pública e impacto econômico
Os gastos com saúde pública e previdência social são as principais despesas envolvendo vítimas de acidentes de trânsito. No Hospital da Baleia, referência em cirurgias ortopédicas, 60% dos atendimentos são para vítimas de acidentes de trânsito. “É uma cadeia de custos que começa com a estrutura hospitalar e se estende à rede previdenciária e à capacidade de produção econômica”, explica o Dr. Wagner Nogueira, coordenador do Serviço de Ortopedia e Traumatologia.
Compromisso para redução de mortes
A segurança no trânsito é uma preocupação mundial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) tem como meta reduzir em 50% as mortes e lesões no trânsito até 2030. No entanto, no Brasil, os números de óbitos em rodovias federais aumentaram de 5.396 em 2021 para 5.615 em 2023. Em Minas Gerais, houve um aumento de 693 para 727 mortes no mesmo período.
Campanhas de conscientização
O governo de Minas Gerais investe em campanhas de conscientização para reduzir acidentes e mortes no trânsito. Foram destinados R$ 48 milhões para um plano de ação organizado pelos municípios, com apoio técnico das Unidades Regionais de Saúde (URS). “A ideia é que todos os municípios desenvolvam programas de intervenção que reduzam os acidentes de trânsito e conscientizem a população sobre a importância do papel de cada um”, explica Sandra de Souza, coordenadora de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis da SES-MG.
Orientações para um trânsito seguro
O tenente André Muniz, do Comando de Policiamento Rodoviário da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), alerta para a importância do planejamento da viagem, respeito às leis de trânsito, direção defensiva e manutenção dos veículos. “O condutor deve dirigir sempre pensando no que pode acontecer de errado, como uma frenagem brusca do veículo à frente”, orienta Muniz. Ele também faz um apelo para que as pessoas não dirijam após ingerir bebida alcoólica, prática que pode resultar em multa, suspensão da CNH e até prisão.
Os acidentes de trânsito em Minas Gerais representam uma tragédia humana e um pesado fardo econômico. A conscientização e o cumprimento das leis de trânsito são essenciais para reverter essa situação e salvar vidas.
Foto: Flavio Tavares / O TEMPO