Entre janeiro e agosto de 2025, Minas Gerais registrou 744 suicídios, uma média de três mortes por dia, segundo a Secretaria de Estado de Saúde. O número representa queda de 37,9% em relação ao mesmo período de 2024, mas especialistas alertam que ainda é cedo para apontar tendência de redução, pois há defasagem na consolidação dos dados.
O Tribunal de Contas do Estado (TCE-MG) revelou que 305 dos 853 municípios mineiros não investiram em ações de saúde mental em 2023. Apesar de o estado ter ampliado o investimento total de R$ 48,5 milhões em 2018 para R$ 117 milhões em 2023, as desigualdades regionais persistem. Bocaiúva foi o município que menos investiu (R$ 0,04 por morador), enquanto Belo Horizonte liderou com R$ 27 milhões aplicados — cerca de R$ 11,70 por habitante.
O psiquiatra Humberto Corrêa (UFMG) destacou que, enquanto o mundo reduziu em 30% as taxas de suicídio nas últimas duas décadas, o Brasil registrou aumento de 40%, reflexo da ausência de uma política pública nacional de prevenção. Ele ressalta que o estigma e a falta de atenção pública mantêm as pessoas com transtornos mentais em situação de vulnerabilidade.
De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria, quase todos os casos de suicídio estão ligados a doenças mentais não diagnosticadas ou tratadas. O estudo do TCE apontou que, entre 2018 e 2023, houve aumento de 25% no número de suicídios em Minas, totalizando 10.753 mortes.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) mostra que o suicídio é a terceira principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. Em Minas, a maior incidência está entre homens de 30 a 39 anos, seguida por jovens de 20 a 29. Também houve crescimento de casos entre adolescentes e idosos.
Pesquisas da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) revelam que 1 em cada 4 brasileiros teve pensamentos suicidas nos últimos seis meses. Apesar disso, apenas metade já buscou atendimento psicológico ou psiquiátrico.
O Centro de Valorização da Vida (CVV) reforça a importância da escuta e do acolhimento como formas de prevenção. Em setembro, foram realizadas 21 ações na Região Metropolitana de BH, e o número de atendimentos costuma crescer também em datas sensíveis como Natal, Ano Novo e Dia das Mães.
Em Belo Horizonte, 86 pessoas cometeram suicídio em 2024. A capital mantém uma Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) com Cersams, residências terapêuticas, consultórios de rua e centros de convivência, voltada ao acolhimento e acompanhamento de pessoas em sofrimento psíquico.
📞 Ajuda emocional: o CVV oferece atendimento gratuito 24h pelo número 188 ou em cvv.org.br.