Minas registrou, em 2022, 97 casos e 10 mortes em decorrência da leishmaniose visceral. Um levantamento da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), divulgado nesta quinta-feira (14) mostra que a doença é endêmica no Estado – termo usado para quando há certo controle do agente infeccioso.
Na última semana uma bebê de 1 ano e 11 meses morreu pela doença em um hospital em Patos de Minas, no Alto Paranaíba. Ela era natural de Rio Pardo de Minas, no Norte do Estado, onde foi infectada.
Segundo o Ministério da Saúde, a leishmaniose é uma doença infecciosa, não contagiosa, causada por parasitas do gênero Leishmania. É transmitida por insetos hematófagos (que se alimentam de sangue), como os flebótomos, popularmente conhecidos como mosquito palha.
O infectologista Estevão Urbano explica que a contaminação do ser humano ocorre através da picada do mosquito. “Os mosquitos que transmitem a leishmaniose têm como reservatório natural animais domésticos e silvestres. A transmissão para o ser humano acontece quando o mosquito pica um animal contaminado e em seguida pica a pessoa”, esclarece.
O especialista esclareceu também que existem dois tipos de leishmaniose, a cutânea e a visceral. A leishmaniose cutânea caracteriza-se por feridas na pele que se localizam com maior frequência nas partes descobertas do corpo. Algum tempo após a contaminação podem surgir feridas nas mucosas do nariz, da boca e da garganta.
Já a leishmaniose visceral é uma doença sistêmica, que ataca vários órgãos internos, principalmente o fígado, a medula óssea e o baço. Esse tipo de leishmaniose acomete principalmente crianças de até dez anos.
Apesar da gravidade da doença, Urbano explica que a leishmaniose tem tratamento efetivo. “São drogas específicas para tratar leishmaniose e podem variar de acordo com a gravidade do paciente. Na maioria dos casos elas funcionam e dão bons resultados, principalmente em pacientes com leishmaniose visceral”.
De acordo com o infectologista, a melhor prevenção contra a doença é evitar o contato com animais contaminados, silvestres ou domésticos.
O especialista alerta que em grandes centros urbanos é comum ter casos de leishmaniose em cães e gatos. No passado era comum sacrificar os animais mas, atualmente, com o avanço da medicina veterinária, é possível tratar o animal e ter controle do agente infeccioso.
Políticas de controle e combate
Para combater a doença, a SES-MG segue o Programa de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral, que preconiza a notificação e investigação de casos humanos suspeitos; diagnóstico e tratamento no SUS; controle químico da população de vetores de acordo com a classificação epidemiológica dos municípios; manejo ambiental; diagnóstico e controle do reservatório doméstico da Leishmaniose Visceral e ações de educação em saúde.