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Mortes por outras doenças também dispararam na pandemia. Por quê?

Por Dentro De Tudo:

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O receio da COVID-19 e o estrangulamento de serviços médicos devido à pandemia fizeram com que o várias pessoas tivessem de esperar semanas por uma consulta pelo convênio particular.

Enquanto a demora agravava os quadros, muitos deixaram de ir ao atendimento de urgência quando se sentiam mal, para evitar a unidade de pronto-atendimento.

Além das mais de 55 mil vidas perdidas em Minas Gerais para o novo coronavírus (Sars-CoV-2), a fragilização do sistema de saúde e muitas vezes o medo de deixar o isolamento mataram silenciosamente milhares de pacientes de outras doenças controláveis, como por exemplo a hipertensão. 

Os dados são da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). 

Letalidade de males não respiratórios aumentou 43% 

No Brasil, chama a atenção o aumento do índice de mortes diárias por doenças não respiratórias, que teve uma escalada de quase 43%, na comparação entre 2019, último ano pré-pandemia, com os dados deste ano, apenas até 10 de setembro.

Na Região Sudeste, a alta foi de 44,3% no mesmo comparativo diário.

A disparada dos óbitos no cenário nacional é observada em dados do Ministério da Saúde enviados para a reportagem, relativos a pacientes que não resistiram a doenças não respiratórias.

Contudo, pode conter distorções, por incluir condições em que médicos ainda assinalaram mortes causadas pela COVID-19, como “outras doenças infecciosas não determinadas”.

De acordo com os números, no Brasil, morriam em 2019 3.254 pessoas diariamente, em média, por causas não respiratórias (excluídos acidentes, crimes e outros fatores externos).

O número se ampliou em 2020, primeiro ano da pandemia, para 3.866 óbitos por dia, crescimento de 19%, mas em 2021 sofreu um salto de 43% no comparativo com 2019, com mortes de 4.640 pacientes a cada 24 horas.

As regiões que apresentaram o maior aumento percentual de mortes por doenças não respiratórias por dia em 2021, comparado com 2019, foram a Centro-Oeste (62%), Sul (51%), Norte (50%), Sudeste (44%) e Nordeste (28%).

As doenças que mais apresentaram aumento de mortes em 2021 foram as cardíacas isquêmicas, com ritmo de 274 óbitos por dia; as cerebrovasculares, que chegam a 246 a cada 24 horas; e o diabetes, com 184 óbitos diários.

Em Minas Gerais, doenças cerebrovasculares são a causa maior de mortes. Apenas nas macrorregiões de saúde Oeste, Leste e Sudeste há mais mortes por doenças isquêmicas do coração.

Reflexos da suspensão de consultas e cirurgias

A SES-MG confirma que muitos pacientes foram afetados pela pandemia, mesmo sem ter contraído a COVID-19, uma vez que procedimentos eletivos, como cirurgias e consultas, foram suspensos como forma de prevenir possível sobrecarga na rede pública de saúde.

“Também tiveram seus atendimentos presenciais suspensos, parcial ou totalmente, serviços ambulatoriais com a assistência voltada para pessoas que necessitam de reabilitação, hipertensos, diabéticos e (pacientes) odontológicos, entre outros”, acrescentou. A pasta destaca, contudo, que desde o fim de 2020 e ao longo de 2021, a retomada dos serviços ambulatoriais e hospitalares eletivos têm ocorrido “de forma responsável e organizada, mediante a ação estratégica Cuida de Minas, um programa que busca garantir a integralidade e continuidade do cuidado aos usuários do SUS com condições crônicas e com outras condições de saúde que precisam ser assistidas mesmo em tempo de pandemia. Cabe ressaltar, também, que os serviços de urgência e emergência nunca pararam”, informou a secretaria.

No momento, a SES-MG informa avaliar a contratação de prestadores de serviços de saúde e um novo plano de gestão hospitalar para cirurgias eletivas. O Ministério da Saúde afirma prestar apoio irrestrito aos gestores locais do SUS (estados e municípios) para a realização de cirurgias, e acrescenta que liberou R$ 350 milhões em recursos extras, repassados após a comprovação dos procedimentos.

“Como resultado dos mais de 300 milhões de doses de vacina COVID-19 distribuídas para todo o país, o Brasil ultrapassa a marca de mais de 100 milhões de brasileiros completamente vacinados, passando de 60% do público-alvo imunizado com as duas doses da vacina ou com o imunizante de dose única. O resultado do esforço do governo federal, em conjunto com os estados e municípios, é um cenário de pandemia mais arrefecido, com queda no número de casos e óbitos, e um sistema público de saúde menos pressionado”. 

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