Um motorista de aplicativo foi denunciado à Uber após abandonar uma mãe e sua filha autista de 4 anos na BR-040, em Belo Horizonte. O caso ocorreu na última terça-feira (4), por volta das 11h, quando a criança, que estava a caminho do hospital, começou a vomitar dentro do veículo.
A mãe, uma enfermeira de 31 anos, contou ao jornal O Tempo que tentou limpar a sujeira com roupas que levava na bolsa, mas o motorista se irritou e ordenou que elas descessem do carro em um trecho deserto da rodovia, na altura do bairro Califórnia, região Noroeste da capital.
Criança desmaiou e mãe não conseguiu outro transporte
De acordo com a mulher, a criança chegou a desmaiar dentro do carro, mas o motorista manteve a postura agressiva. “Ele começou a gritar, dizendo que precisava trabalhar. Parei de insistir e desci porque fiquei com medo”, relatou.
Ao perceber a situação crítica, a mãe implorou para que, pelo menos, fossem deixadas em um ponto onde pudesse pedir ajuda. Após muita discussão, o motorista as deixou próximas a um posto de combustível. No local, a criança voltou a desmaiar, enquanto a mãe enfrentava dificuldades para conseguir outro transporte, já que os motoristas cancelavam as corridas ao perceberem que estavam sujas de vômito.
“Os frentistas do posto me ajudaram e um rapaz que estava lá se ofereceu para nos levar para casa. Abasteci o carro dele e voltamos. Acabei não levando minha filha ao hospital, porque ela entrou em crise e ficou desnorteada. Depois, teve dificuldade para dormir e várias crises de ansiedade”, desabafou a mãe.
Medo de denunciar à polícia
A enfermeira afirmou que não registrou Boletim de Ocorrência (BO) por medo, já que o motorista conhece o endereço de sua casa. “Eu poderia pagar a taxa de limpeza, sem problemas, mas o que ele fez foi omissão de socorro. Tenho medo de denunciá-lo, pois não conhecemos as pessoas”, disse.
Uber se pronuncia
Em nota, a Uber lamentou o ocorrido e afirmou que está tentando contato com a usuária para oferecer apoio, incluindo suporte psicológico por meio de sua parceria com o MeToo. A empresa reforçou que possui materiais educativos para motoristas sobre cordialidade e respeito e um guia de acessibilidade para aprimorar o atendimento a passageiros com necessidades especiais.
O caso repercutiu e gerou indignação nas redes sociais, com usuários cobrando medidas mais rígidas contra o motorista e melhorias no suporte da empresa para situações emergenciais.