Acusada de matar uma grávida para roubar o bebê dela em 2018, Angelina Ferreira Rodrigues, de 43 anos, foi condenada a mais de 30 anos de prisão em julgamento nessa quarta-feira (12/5), em João Pinheiro, Região Noroeste de Minas Gerais. A defesa tentou alegar que a ré não tinha condições de responder pelos próprios atos.
O julgamento durou cerca de 16 horas e a mulher foi condenada por homicídio qualificado e parto forçado. A pena ainda foi agravada com quatro qualificadoras, entre elas o motivo torpe, o emprego de meio cruel, que impossibilitou a defesa da vítima, para assegurar a execução de outro crime.
Apesar da defesa tentar apontar que a ré não tinha total controle de suas faculdades mentais, o júri entendeu que ela poderia sim responder pelo crime. A pena total foi de 30 anos, 2 meses e 10 dias de detenção em regime fechado.
“Abrir o ventre da vítima e dele retirar um nascituro, utilizando-se de instrumento não cirúrgico, estando a vítima ainda viva, sofrendo com a insuportável dor física de tal lesão, somada à insuportável dor psicológica de sentir que de suas entranhas estava sendo retirada sua filha, sem nada poder fazer, revela a intensidade exacerbada da crueldade do meio empregado que o intelecto humano carece, muitas vezes, de capacidade para compreender ou mesmo assimilar. Assim, em observância à sobredita agravante, entendo ser necessária e justa a elevação da pena base aplicada em mais 2/3 (dois terços)”, diz a sentença.
O
crime aconteceu em outubro de 2018, quando Mara Cristina Ribeiro da Silva, que tinha 21 anos, teve seu bebê arrancado da barrica aos oito meses de gravidez. Angelina Rodrigues usou uma faca para abrir o ventre da vítima depois de amarrá-la pelo pescoço a uma árvore na cidade de João Pinheiro.
O útero foi dilacerado pela mulher que fingia estar grávida e tentava conseguir uma recém-nascido para fingir ser seu.
Detalhes macabros
Em depoimento, à epoca, Angelina deu detalhes do crime macabro. Ela confessou ter planejado toda a trama para retirar a criança de Mara. De acordo com relato da mulher, primeiro ela informou que atraiu a vítima para um matagal às margens da BR-040. Lá, ela atirou álcool contra o rosto da vítima e a estrangulou com um fio de metal.
Ainda segundo a autora confessa, logo depois de enforcar Mara, ela pendurou o corpo em uma árvore e fez o parto clandestino utilizando uma faca de cozinha. Conforme o depoimento de Angelina à polícia, a vítima ainda estava viva quando a criança foi retirada.
A mulher disse ainda que, depois de assassinar Mara, chamou o marido para levar o recém-nascido até o Hospital Municipal de João Pinheiro. A PM foi acionada por funcionários que relatavam a entrada de uma paciente bastante agitada, com uma recém-nascida no colo, afirmando que acabara de dar à luz.
Entretanto, de acordo com os funcionários da unidade de saúde, ela caminhava normalmente e se recusou a ser atendida por um médico obstetra, situação incomum em casos de parto.
Ao chegar ao hospital, policiais militares encontraram familiares em busca da vítima, que afirmaram que Mara estava grávida de oito meses e que a mulher que havia ido à instituição morava com ela desde sábado. Além disso, uma testemunha, que seria vizinha das duas mulheres, disse que por volta das 13h30 daquele dia viu Angelina saindo com Mara e sua outra filha de 1 ano. Com os indícios, Angelina acabou confessando o crime.
Ela e o marido tiveram a prisão decretada. Um mês antes do crime, Angelina postou foto dela segurando sapatinhos de bebê junto à barriga de grávida e desejando boas-vindas à suposta filha. “Seija (sic) bem-vinda Emanuelley Vitória”, escreveu no Facebook.
(Com informações de Cristiane Silva)