O risco de intoxicação por bebidas alcoólicas adulteradas com metanol acendeu um alerta nacional. Em São Paulo, já foram confirmados 22 casos de intoxicação e cinco mortes, levando o governo estadual a criar um gabinete de crise para coordenar as ações de combate.
Especialistas reforçam que não é possível identificar a presença de metanol apenas pelo cheiro, cor ou sabor. A substância é incolor, se mistura facilmente ao álcool etílico e só pode ser detectada por meio de testes laboratoriais específicos. Por esse motivo, o metanol é chamado de “substância traiçoeira”, já que pode enganar os sentidos e provocar danos graves mesmo em pequenas quantidades.
No organismo, o metanol é metabolizado pelo fígado e convertido em ácido fórmico, responsável por causar acidose metabólica severa, lesões no nervo óptico (com risco de cegueira) e falência de órgãos vitais, como rins, pulmões e cérebro. Os sintomas iniciais podem se confundir com os de uma simples embriaguez, mas sinais como visão turva, dor abdominal intensa e alterações de consciência são indicativos de intoxicação. A mortalidade pode ultrapassar 50% sem atendimento médico imediato.
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) alerta que o crime de falsificação de bebidas afeta diretamente a saúde pública e os estabelecimentos que atuam de forma legal. A entidade recomenda que garrafas vazias sejam inutilizadas para evitar reaproveitamento por falsificadores e cobra maior fiscalização em fábricas e distribuidoras clandestinas.
Entre as principais orientações para consumidores, estão: exigir nota fiscal, desconfiar de preços muito abaixo do mercado, verificar se embalagens estão lacradas e adquirir bebidas apenas de fornecedores confiáveis.
O tratamento hospitalar pode incluir hemodiálise, uso de etanol venoso ou oral como antídoto e, em outros países, o medicamento fomepizol, ainda não disponível no Brasil. Quanto mais rápido o diagnóstico e o início da terapia, maiores são as chances de recuperação, embora sequelas como a cegueira possam ser permanentes.
Fonte: g1
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