Em 2024, o Brasil registrou o maior número da história de afastamentos do trabalho por problemas de saúde mental: cerca de 440 mil casos, uma média de 1.205 afastamentos por dia — ou um trabalhador a cada minuto. O número representa um aumento de quase 67% em relação a 2023, segundo dados do Ministério da Previdência Social.
Entre os principais motivos estão transtornos de ansiedade (141.414 casos), episódios depressivos (113.604), transtorno depressivo recorrente (52.627), transtorno afetivo bipolar (51.314), transtornos mentais relacionados ao uso de drogas (21.498) e reações ao estresse grave e transtornos de adaptação (20.873). Nos últimos dez anos, os afastamentos por ansiedade cresceram mais de 400%, e os relacionados à depressão quase dobraram.
A psicóloga e psicanalista Elisa de Santa Cecília Massa, da UFMG, destaca que é preciso analisar o contexto social, como raça, renda e gênero, para compreender o impacto do trabalho na saúde mental. Ela alerta que condições de trabalho inadequadas e o acesso limitado a políticas de cuidado agravam o adoecimento psíquico.
A nova Norma Regulamentadora NR-1, debatida pelo governo federal, empregadores e trabalhadores, busca prevenir acidentes e doenças ocupacionais, substituindo o antigo PPRA pelo Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR). Originalmente prevista para 2021, a norma terá aplicação adiada para 25 de maio de 2026, com cursos, manuais e sistemas digitais para facilitar a transição.
Carlos Calazans, superintendente regional do trabalho em Minas Gerais, afirma que a NR-1 é a “mãe” de todas as normas reguladoras, pois aborda saúde mental e riscos psicossociais de forma ampla. Segundo ele, a norma permitirá que empresas contratem profissionais de saúde mental e integrem os cuidados nas SESMT e Cipas.
O vice-presidente do TRT-MG, Sebastião Oliveira, ressalta que cuidar da saúde mental dos trabalhadores também é vantajoso para empregadores, pois funcionários motivados e satisfeitos apresentam maior produtividade e menor risco de adoecimento ou acidentes.
Foto: Fred Magno/O TEMPO
Fonte: O TEMPO