A vítima do estupro coletivo do jogador Robinho e outros cinco homens foi ouvida pelo Fantástico, nesse domingo (23). O advogado da moça, Giaccobo Gnocchi, cedeu entrevista à TV Globo depois que o caso foi julgado pela terceira e última instância. Em declaração, ele pontuou que o processo nunca foi uma questão de dinheiro, mas sim de “ver a lei aplicada por causa da violência sofrida”.
A justiça italiana condenou, em última instância, Robinho e seu amigo, Ricardo Falco, pelo crime de estupro coletivo. O fatídico episódio de violência sexual ocorreu no ano de 2013, no camarim de uma boate em Milão. À época, a jovem alnabensa de apenas 23 anos comemorava o aniversário na casa de festas, quando foi abordada por seus agressores.
Atualmente com 32 anos, a vítima – que preferiu não se identificar à imprensa – compareceu ao julgamento final, realizado na última quarta-feira (19) na Corte de Cassação italiana. De acordo com o advogado da vítima de Robinho, apesar de serem condenados a nove anos de prisão, o jogador e Falco não compareceram ao julgamento.
Advogado da vítima de Robinho se manifesta
“A vítima estava presente, assistimos à audiência e, depois que ouvimos a decisão, não fez nenhuma declaração. Obviamente estava emocionada, pois se tratava da última fase de um processo no qual ela foi a vítima. Ela quer seguir adiante com sua vida, tranquila. Nunca foi uma questão de indenização, de dinheiro, mas sim de ver a lei aplicada por causa da violência sofrida”, contou Giaccobo Gnocchi.
À reportagem, o profissional expôs que os advogados de Robinho e Falco questionaram, novamente, o uso de algumas interceptações de conversas no processo. Além disso, nesse mesmo movimento, insistiram em desqualificar o relato da vítima usando um dossiê de fotos de redes sociais: nos registros, a vítima aparecia bebendo com amigas em boates. O recurso fracassou diante da Corte.
Gnocchi ainda detalhou que, se Robinho estivesse em território italiano, seria preso em consonância com a lei. A Constituição Brasileira, por outro lado, não permite a extradição de brasileiros natos. “Se o culpado estivesse na Itália, seria emitida uma ordem de prisão e a pena seria executada. O problema é que quem foi declarado culpado não está na Itália e não é cidadão italiano. Ele está no Brasil e é cidadão brasileiro”, explicou o advogado da vítima de Robinho.
‘A mensagem é sempre denunciar’
O Fantástico questionou, ainda, que recado a vítima passa às mulheres que enfrentam o mesmo tipo de violência. “A mensagem é sempre denunciar. Apesar das dificuldades de cada país e das diferentes situações, a lei existe. O silêncio não ajuda ninguém. As denúncias e os processos podem ter êxito ou não, mas no silêncio a violência fica escondida”, iniciou Gnocchi.
“Portanto falar, denunciar, procurar as autoridades, obviamente com provas, porque, nesses casos, se recorre à Justiça e existem regras. No nosso caso, eu asseguro que havia uma vasta quantidade de provas, e de fato no final a verdade veio à tona”, finalizou o advogado. Ele ainda ressaltou que não importa se houver ou não extradição, o fundamental é que a justiça seja feita.
Procurada pelo Fantástico, a advogada de Robinho no Brasil disse que não responde pelos processos criminais. Além disso, afirmou que os representantes legais do brasileiro na Itália não querem falar com a imprensa. A sentença deve ser publicada em cerca de 30 dias.
Relembre o crime
O caso ocorreu em uma boate de Milão, em janeiro de 2013. Além de Robinho e Falco, outros quatro brasileiros teriam participado, segundo a justiça italiana. Segundo a vítima, a violência sexual teria acontecido no camarim utilizado pelo músico Jairo Chagas.
Ela disse que ficou muito embriagada e foi levada para o camarim por um amigo do jogador, que tentava beijá-la forçadamente. Lá, os outros homens envolvidos teriam aparecido e se aproveitado que a moça não conseguia ficar em pé e estava muito desorientada. A perícia encontrou material biológico de Ricardo Falco nas roupas da jovem.
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