Aos 24 anos, Simone Biles é a maior estrela de sua modalidade e coleciona 31 medalhas de Olimpíadas e campeonatos mundiais. Mas o que chamou a atenção durante os Jogos Olímpicos de Tóquio foi quando a atleta optou por deixar a competição para cuidar de um bem que não tem preço: sua saúde mental. Segundo pesquisa encomendada pelo Fórum Econômico Mundial, 53% dos brasileiros notaram uma piora em seu bem-estar nos últimos 12 meses.
O gesto da atleta pode servir como lição e reflexão para todas as pessoas, independente do trabalho que executam ou dos cargos que ocupam. A verdade é que a grande maioria dos trabalhadores não se sentem confortáveis em dizer abertamente para os chefes que precisam de um tempo para cuidar do emocional. Isso deixa claro a importância – e necessidade – de falar sobre o tema. Para debater sobre o assunto, sugerimos uma entrevista com a especialista Flávia Mello (perfil completo abaixo), ex-executiva, anjo investidora e criadora do Sororitê, grupo de mulheres investidoras que trocam experiências e mentorias para, juntas, ajudarem outras mulheres líderes de seus negócios a construírem soluções com um olhar sobre a igualdade de gênero.
“A realidade de muitas pessoas não permite, por exemplo, que elas peçam demissão de um emprego estressante ou muitas vezes busquem ajuda profissional de um psicólogo ou psiquiatra. Por isso, ser um bom líder vai muito além de ter uma equipe que dá resultados, mas também significa mostrar o lado humano, com vulnerabilidades, para todos os liderados. Somente assim, conseguimos dar abertura para que as pessoas falem sobre essas situações delicadas, afinal, não terão medo de nenhum tipo de punição. As empresas precisam entender que saúde mental é um tema sério, assim como doenças físicas, como uma dor de dente, por exemplo, também são.
Com a crise sanitária causada pela COVID-19, a omissão quando o assunto é “saúde mental e estresse” se tornou ainda mais comum. A instabilidade econômica afeta cada vez mais o mercado de trabalho e ninguém quer se juntar aos cerca de 14,8 milhões de brasileiros desempregados. Assim, aumenta o número de pessoas que, para não apresentar nenhum tipo de vulnerabilidade, sofrem caladas mesmo no limite de suas capacidades física e mental.
“Ao longo de mais de um ano de pandemia, isolamento social e, consequentemente, muitas incertezas envolvendo trabalho, saúde e dinheiro, ficou claro como a métrica da felicidade funciona. Diante disso, compreendemos que mesmo nos espaços de trabalho mais acolhedores, ainda é possível encontrar desgastes por causa da pressão diária dos negócios. Por isso, as empresas necessitam cuidar e acolher os colaboradores de modo que, ao final do expediente, eles estejam aptos a chegar em casa com o bem-estar garantido”, finaliza.