Uma doença grave e silenciosa e o segundo tipo de câncer mais comum entre mulheres e terceiro entre os homens. É assim que a coloproctologista Hilma Nogueira da Gama descreve o câncer de intestino.
Uma estimativa do Instituto Nacional de Câncer (Inca) aponta que, em 2022, foram diagnosticados aproximadamente 45,6 mil novos casos desse tipo de tumor no Brasil.
Nessa terça-feira (10), a cantora Preta Gil, de 48 anos, filha do cantor e compositor Gilberto Gil, usou as redes sociais para anunciar que recebeu o diagnóstico da doença.
De acordo com a médica, o câncer de intestino é silencioso, inicialmente, não causa dor. O portador da enfermidade ignora um dos primeiros sintomas de alerta da patologia: presença de sangue nas fezes e sangramento no ânus.
Para piorar, na maior parte das vezes, esse sintoma vem acompanhado de preconceito e vergonha, o que dificulta a detecção precoce do tumor maligno.
“Muitas pessoas acham que é hemorroida, ficam constrangidas de procurar um especialista, acreditando que podem tratar por conta própria, com pomadas. Está errado”, explicou Hilma Nogueira da Gama.
A mudança no funcionamento do intestino também é um indício que algo está errado. Pessoas com o intestino preso, por exemplo, podem apresentar quadros de diarreia.
Outro sintoma que pode aparecer quando a doença está em estado avançado é a anemia. A especialista ressaltou que é comum pacientes associarem a outras patologias, como falta de vitaminas e procurarem profissionais de diferentes áreas, como nutricionistas, que não conseguem detectar o câncer de intestino.
A médica alertou que, geralmente, até mesmo um clínico geral não consegue pedir os exames específicos para detecção desse tumor.
“Câncer no intestino é assunto do proctologista. Se a pessoa perceber algum sangramento no ânus deve ir direto para esse especialista, passar pela consulta e tomar uma atitude preventiva. Tem que levar a prevenção a sério, é uma doença grave”.
Ainda segundo Hilma Nogueira da Gama, o câncer de reto é o mais fácil de diagnosticar, já que pode ser detectado por exame de toque. Entretanto, a especialista destaca que é o tipo mais grave.
Prevenção é aliada
De acordo com o Inca, a detecção precoce do câncer de intestino, com o tumor ainda em fase inicial, possibilita o maior sucesso no tratamento.
A coloproctologista citou três medidas que são aliadas da prevenção desse tumor. A primeira é fazer consultas regulares com um proctologista, que vai examinar o ânus e a parte de baixo do intestino.
Depois, o paciente deve fazer uma colonoscopia, solicitada pelo médico e que, de acordo com o resultado do exame, pode levar ao controle da doença.
Homens e mulheres com 45 anos ou mais devem fazer colonoscopia uma vez por ano, conforme a especialista. Ela indicou o exame até mesmo para quem não tem histórico de câncer na família.
O recomendado é que, a cada cinco anos, o paciente faça também uma retossigmoidoscopia – exame endoscópico que avalia reto, canal anal e parte final do intestino grosso.
Fatores de risco
Segundo o Instituto Nacional do Câncer, os principais fatores de risco de desenvolvimento do câncer de intestino são: idade igual ou superior a 50 anos, excesso de peso e alimentação não saudável – pobre em frutas, vegetais e outros alimentos que contenham fibras.
Outros fatores incluem histórico familiar de câncer de intestino, ter tido outros tumores, como de ovário, útero ou mama, além de tabagismo e consumo de bebidas alcoólicas.
Doenças intestinais inflamatórias, como retocolite ulcerativa crônica e doença de Crohn, também aumentam o risco de câncer.
O consumo de carnes processadas (salsicha, mortadela, linguiça, presunto, bacon, blanquet de peru, peito de peru e salame) e a ingestão excessiva de carne vermelha também aumentam o risco desse tipo de neoplasia.
Tratamento
Hilma Nogueira da Gama explicou que o tratamento para câncer de intestino depende do tamanho, localização e extensão do tumor. Há casos em que cirurgia, videocirurgia ou procedimento robótico consegue eliminar o tumor, e há casos que demandam radioterapia ou quimioterapia.
“A maioria dos pacientes diagnosticados com câncer de intestino conseguem ser curados. Eles seguem uma vida normal e se alimentam normalmente”, esclareceu a médica.
A especialista desmistificou também o medo de algumas pessoas, que acreditam que irão utilizar bolsa de colostomia após qualquer procedimento no intestino. “Não é frequente, só em um ou outro caso”.
Fonte: Hoje em Dia.