Tratar os outros com atenção, praticar a escuta ativa e se comunicar com eficácia são pilares do carisma, uma habilidade que, embora muitas vezes vista como inata, pode ser aprendida e aprimorada.
Especialistas ouvidos pela reportagem explicam que o carisma é mais fácil de reconhecer do que de definir. A percepção sobre essa característica varia entre culturas, histórias de vida e valores sociais. Ainda assim, há pontos em comum: pessoas carismáticas são geralmente vistas como aquelas que sabem ouvir, se expressam bem e demonstram empatia.
Carisma no cotidiano
A doméstica Edith Albedo de Lassado, de 86 anos, lamenta a falta de cuidado nas relações atuais. “Uma pessoa carismática dá atenção e carinho. Mas hoje em dia nem os filhos têm esse cuidado”, desabafa.
Para Ingrid Ketlyn, de 28 anos, o carisma está em saber cativar. “Hoje as pessoas estão mais focadas no celular do que em conversar”, diz.
Já o logístico Sérgio Felipe, de 25 anos, acredita que pequenas atitudes fazem diferença. “Cumprimento as pessoas, dou abraços, tento manter o clima leve. Isso ajuda tanto no trabalho quanto na família.”
Por outro lado, o analista de engenharia Carlos Antônio Nogueira, de 34 anos, diz ter perdido essa característica. “Hoje sou mais fechado. Isso até pode ser bom no trabalho, por passar mais seriedade.”
Conceito histórico e cultural
A palavra “carisma” vem do grego e significa “dom divino”. Seu uso aparece nas cartas do apóstolo Paulo, referindo-se ao “dom da graça de Deus”. Com o tempo, o termo passou a ser associado a qualidades sociais admiradas — e que variam conforme a cultura.
“A nossa cultura valoriza afeto, abertura e expressividade. Por isso, vemos o carisma como uma habilidade social importante”, afirma a psicóloga e especialista em gestão de pessoas Graziela Alves.
Carisma pode ser aprendido
Segundo a especialista Vivian Wolff, o carisma pode sim ser uma característica natural, mas também é um comportamento que pode ser desenvolvido. “É algo percebido pelos outros, a forma como seu comportamento ressoa emocionalmente nas pessoas”, explica.
Até vilões podem ser carismáticos
A psicóloga Graziela lembra que o carisma também pode aparecer em figuras controversas, como vilões de novela. “Eles influenciam, mobilizam e chamam atenção. O carisma deles é reconhecido pelo público, que projeta nesses personagens algo que deseja para si”, avalia.
Como desenvolver o carisma?
Confira dicas das especialistas:
- Seja adaptável: Carismáticos leem o público e se adaptam às situações.
- Comunique-se bem: Saber se expressar com clareza e escutar o outro é essencial.
- Pratique a escuta ativa: Ouça com atenção e peça feedbacks para se conhecer melhor.
- Observe sua linguagem corporal: Postura, tom de voz e expressões também comunicam.
📷 Foto: Copyright (C) Andrey Popov
📰 Fonte: O Tempo