Onça-parda em um dos recintos destinados à recuperação dela, no zoológico de BH.
A cara é de “poucos amigos” e basta apontar uma câmera pra ela, que a resposta é assim, mostrando os dentes.
Esta onça-parda fêmea foi atropelada, em fevereiro deste ano, na Região do Alto Paranaíba e resgatada pelo Corpo de Bombeiros. Ela teve que passar por uma cirurgia na pata esquerda traseira na Universidade de Uberaba (Uniube).
Mas como a recuperação de um animal de grande porte exige espaço e manejo adequados, o Instituto Estadual de Florestas (IEF) teve de ser acionado. Por causa da complexidade do caso, o Zoológico de Belo Horizonte recebeu o animal para a conclusão de sua recuperação. Ela foi devolvida à natureza no início do mês.
Câmera de monitoramento gravou o comportamento da onça no Zoológico de BH
Quando a onça chegou a Belo Horizonte, ela só ficava escondida no recinto de 50 metros quadrados. Não queria sair nem pra comer, disse o coordenador da Gerência de Veterinária do Zoológico de Belo Horizonte, Carlyle Coelho.
Foi neste momento que a equipe de zootecnistas, veterinários e tratadores começaram a montar estratégias para que ela se movimentasse.
Câmeras de monitoramento foram instaladas para acompanhar a recuperação (veja o vídeo acima).
“Ela chegou uma semana depois da cirurgia e não precisou dar medicação. Pusemos câmeras nos recintos e vimos que ao longo do tempo ela mancava cada vez menos e depois até começou a correr. Eu tenho 32 anos de zoológico e foram pouquíssimas vezes que tivemos esse sucesso”, comemorou Carlyle Coelho.
🐈Táticas usadas para fazer a onça-parda se movimentar
🐾Feno com cheiro de outras onças: com um faro apurado, ao perceber o odor de outras onças, ela entende que há concorrentes no território e começa a se movimentar mais.
🐾Ervas aromáticas: ao perceber diferentes odores no ambiente, o animal se sente motivado a se locomover e explorar o ambiente.
🐾Esconder a comida: pedaços de carne eram colocados dentro de sacos de feno ou em locais com dificuldade de acesso.
Onça-parda sedada recebendo aparelho de monitoramento
Um dia antes de ser solta, a onça-parda foi sedada. Todas as medições necessárias foram feitas e no pescoço foi colocado um equipamento para monitoramento.
Segundo o zoológico, isso é importante para controle do animal na natureza e assim saber por onde ele circula, como está se desenvolvendo e se adaptando (veja o vídeo acima).
No dia seguinte, a onça-parda foi devolvida à natureza. O local não foi divulgado, por questões de segurança.
Momento em que a onça-parda ganha a liberdade
Quando a equipe do IEF abriu a porta da caixa de transporte, a onça-parda levou uma hora para sair (veja o vídeo acima).
“É um animal muito difícil é de manter em cativeiro. É muito bravo, o gasto com alimento é alto e como se trata de um animal que já era de vida livre, foi feita a soltura direta. Foi muito emocionante ver ela saindo da jaula, é o auge do nosso trabalho, é ter certeza que vale a pena”, comemorou a analista ambiental e veterinária do Centro de Triagem de Animais Silvestres do IEF, Érika Procópio.
O Instituto Estadual de Florestas (IEF), por meio do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), foi o responsável por escolher um local adequado para que a onça-parda fosse solta. Neste caso, é necessário observar se o espaço oferece tudo que o animal precisa para sobreviver.
Nesta segunda-feira (6), os sinais transmitidos pelo monitoramento da onça já mostram que ela está se adaptando bem e se movimentando pela área. Está circulando principalmente num trecho onde passa um rio. Caso o animal fique muito tempo parado em um único lugar ou o sinal dê problema, integrantes da ONG que faz o monitoramento, vão à campo verificar.
Fonte: Globo Minas. Foto: Suziane Brugnara/PBH