Criada em 2019, a organização Milhas pela Vida das Mulheres atua no apoio a mulheres que, mesmo tendo direito garantido por lei, encontram obstáculos para acessar o aborto legal no Brasil. A ONG oferece orientação jurídica, psicológica e logística a vítimas de estupro, gestantes em risco de vida e casos de anencefalia fetal — as três situações em que a legislação brasileira autoriza o procedimento.
Relatos acompanhados pela entidade mostram que, na prática, o acesso ao aborto legal ainda enfrenta barreiras como negativa de atendimento, objeção de consciência sem substituição de profissionais, desinformação e constrangimento institucional. Em alguns casos, procedimentos chegam a ser adiados ou cancelados, resultando em agravamento do sofrimento físico e emocional das pacientes.
Segundo dados da Pesquisa Nacional do Aborto, uma em cada sete mulheres no país já realizou ao menos um aborto até os 40 anos, o que evidencia a distância entre a realidade e a criminalização do tema. Mesmo mulheres amparadas pela lei acabam recorrendo a vias clandestinas diante da dificuldade de acesso ao sistema público de saúde.
Inicialmente, a ONG auxiliava mulheres a viajar para países onde o aborto é permitido. Com o tempo, passou a concentrar esforços em viabilizar o procedimento dentro do território nacional, inclusive com deslocamentos interestaduais até centros de referência, além de ações judiciais para garantir o cumprimento da lei.
Para financiar as atividades, a organização promove campanhas culturais e de arrecadação, reunindo artistas e apoiadores. A atuação também inclui acolhimento psicológico e acompanhamento jurídico antes e depois do procedimento.
Especialistas e ativistas apontam que os casos acompanhados pela ONG revelam falhas estruturais no acesso à saúde reprodutiva e reforçam a necessidade de políticas públicas que assegurem, de forma efetiva, os direitos já previstos em lei.
Fonte: Deutsche Welle
Foto: Divulgação

















