Uma pesquisa publicada recentemente na revista Sociology of Religion revelou que mulheres que se identificam como conservadoras, principalmente em contextos religiosos, tendem a enfrentar dificuldades em sua vida sexual, incluindo baixa satisfação e distúrbios de dor durante as relações íntimas. O estudo, conduzido por pesquisadores de diversas universidades canadenses, aponta para os efeitos prejudiciais da chamada “cultura da pureza” na saúde sexual e conjugal dessas mulheres.
Impactos da cultura da pureza
A “cultura da pureza” prega que o sexo antes do casamento é espiritualmente danoso e que a sexualidade feminina deve ser reservada exclusivamente ao casamento. De acordo com a autora Joanna Sawatsky, da Universidade de Saskatchewan, essa visão transforma a sexualidade em uma questão de poder, apagando o prazer feminino e perpetuando a ideia de que os homens têm impulsos incontroláveis.
Para o estudo, mais de 5.400 mulheres cristãs foram entrevistadas sobre suas experiências sexuais e a relação entre pureza e satisfação conjugal. Os resultados indicaram que o estresse associado aos ensinamentos religiosos sobre pureza pode causar uma resposta corporal semelhante a traumas, como dores durante o sexo e insatisfação.
Educação sexual como solução
A sexóloga Paula Fernanda ressalta que a solução passa por uma educação sexual positiva, que vai além de prevenir doenças e gravidez indesejada. “O autoconhecimento é a chave para tornar as relações íntimas prazerosas e alinhadas com as necessidades de cada pessoa”, afirma. Segundo ela, a educação sobre prazer não implica necessariamente em prática sexual, mas sim em preparação mental, física e emocional.
O papel das redes sociais
Tendências como o “namoro cristão” e o “relacionamento santo” têm ganhado popularidade nas redes sociais, sendo promovidas por influenciadores. No entanto, Paula critica tanto a cultura da pureza quanto a promiscuidade: “Ambas impõem padrões externos à sexualidade feminina, ignorando as necessidades reais de cada mulher.”
Para a especialista, o empoderamento sexual feminino deve focar no autoconhecimento e no respeito ao próprio corpo, permitindo que as mulheres construam relações íntimas mais saudáveis e alinhadas aos seus valores.
A pesquisa reforça a importância de abordar a sexualidade de forma ampla e inclusiva, considerando fatores físicos, emocionais e culturais, com o objetivo de promover bem-estar e qualidade de vida.