Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desenvolveram uma plataforma de imunização contra variantes da Covid-19. A tecnologia, baseada em DNA encapsulado em nanopartículas lipídicas, já teve a eficácia comprovada em testes realizados em animais e, agora, está sendo adaptada para atuar contra a chikungunya.
No caso da Covid, a ideia é produzir uma vacina de DNA, que, segundo o professor Pedro Pires Goulart Guimarães, do Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFMG, é mais estável e tem custo menor do que as de RNA, como as Pfizer e da Moderna.
🧪 Para que o RNA e o DNA entrem na célula e resultem na produção de antígenos, eles são encapsulados em nanopartículas lipídicas – sistemas de liberação de fármacos de maneira controlada no organismo.
🧪 Os pesquisadores, então, desenvolveram diferentes formulações de nanopartículas, em busca da que garantisse maior eficácia de imunização.
“Nós produzimos dezenas de nanopartículas diferentes e usamos triagem in vivo. Usando um único animal, conseguimos testar dezenas de formulações diferentes. Fizemos nanopartículas com 36 formulações diferentes, injetamos todas juntas no mesmo animal e, depois, vimos qual foi a melhor”, explicou o professor Pedro Guimarães.
O imunizante passou por testes pré-clínicos em hamsters e camundongos. Os bichos receberam duas doses, com intervalo de 21 dias entre elas, e o inóculo letal do coronavírus.
Os resultados indicaram eficácia e imunogenicidade da vacina e foram publicados na revista científica “Nature Communications” de janeiro.
“A nossa vacina induziu eficácia e imunogenicidade semelhante à da Pfizer, protegeu também contra variantes de Covid. A gente vê que a carga viral está reduzida nos animais vacinados, e os animais vacinados não morrem”, disse o professor.
Apesar do sucesso dos resultados em animais, não há, até o momento, previsão para a realização de testes da vacina em humanos. Para isso, são necessárias mais pesquisas e aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“Isso envolve vontade política, porque tem custos altos. O teste clínico tem custos elevados”, afirmou Pedro Guimarães.
Fonte: Globo minas.