Pesquisadores registram em 3D e em tempo real a implantação de embrião humano

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Pela primeira vez, cientistas conseguiram registrar em tempo real e em 3D o processo de implantação de um embrião humano. O estudo, publicado na sexta-feira (15) na revista científica Science Advances, foi conduzido por pesquisadores do Instituto de Bioengenharia da Catalunha (IBEC). Até então, as informações disponíveis eram limitadas a imagens estáticas capturadas em momentos específicos do procedimento.

Para viabilizar o registro, a equipe desenvolveu uma plataforma que permite a implantação de embriões fora do útero, em condições controladas. A tecnologia utiliza imagens por fluorescência em tempo real e possibilita a análise das interações do embrião com o ambiente. A plataforma é composta por um gel artificial de colágeno, presente no tecido uterino, e proteínas essenciais ao desenvolvimento embrionário.

“A plataforma nos permitiu quantificar a dinâmica da implantação e determinar a mecânica das forças utilizadas nesse processo complexo”, afirma Anna Seriola, pesquisadora do IBEC e coautora do estudo. Segundo os cientistas, falhas na implantação uterina são responsáveis por cerca de 60% dos abortos espontâneos, e o novo método pode contribuir para melhorar taxas de fertilidade, qualidade dos embriões e eficiência da fertilização in vitro.

Durante o processo, os pesquisadores observaram que os embriões exercem força sobre o ambiente, remodelando a matriz uterina. “Os embriões humanos se enterram no útero, exercendo força considerável. Esse movimento é necessário para que se integrem completamente ao tecido”, explica Samuel Ojosnegros, líder do estudo.

Ojosnegros acrescenta que o embrião libera enzimas que degradam o tecido ao redor e, ao mesmo tempo, aplica força para penetrar nas camadas mais profundas, formando tecidos especializados que se conectam aos vasos sanguíneos maternos para se nutrir. Além disso, os embriões respondem a sinais externos de força, puxando e reorganizando a matriz uterina.

Crédito da foto: Instituto de Bioengenharia da Catalunha/Science Advances

Fonte: g1, Júlia Carvalho, 16/08/2025

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