O Banco Central deve regulamentar ainda em setembro o chamado PIX Parcelado, modalidade já oferecida por bancos e fintechs de forma independente. A proposta é padronizar regras, aumentar a transparência e estimular o uso consciente dessa alternativa de crédito. O recurso permitirá que comerciantes recebam à vista o valor das vendas enquanto o consumidor poderá dividir o pagamento em parcelas.
A novidade pode beneficiar parte dos 60 milhões de brasileiros sem cartão de crédito, mas só estará disponível para quem já tem vínculo com instituições financeiras e crédito pré-aprovado. Na prática, o PIX Parcelado funcionará como uma operação de empréstimo, sujeita a juros e impostos.
De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), o serviço não terá custos ligados ao PIX em si, mas a operação de crédito subjacente poderá cobrar taxas médias de até 2% ao mês, além do IOF, tornando a compra mais cara do que no parcelamento por cartão. Por isso, especialistas alertam que o recurso pode se tornar menos atrativo e até aprofundar problemas de endividamento, especialmente entre famílias de baixa renda.
Segundo o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), a modalidade corre o risco de confundir o consumidor, que pode acreditar estar apenas fazendo uma transferência parcelada quando, na realidade, assume uma dívida com juros e condições contratuais nem sempre claras. Para o Idec, isso compromete o caráter de democratização que marcou a criação do PIX em 2020.
O Banco Central destaca que o Custo Efetivo Total (CET) deverá ser informado em todas as operações, detalhando juros, tarifas e impostos, a fim de evitar surpresas ao consumidor.
O uso do PIX já ultrapassa de longe outras formas de pagamento: apenas no segundo trimestre de 2025 foram 19,3 bilhões de transações, número 53,5% maior que o registrado por cartões de crédito, débito e pré-pago juntos. Ainda assim, a preocupação com inadimplência persiste. Dados do Ministério da Fazenda mostram que o cartão de crédito é hoje o principal responsável pelas dívidas das famílias, respondendo por 60,5% dos casos de inadimplência em julho de 2025.
Especialistas avaliam que o PIX Parcelado poderá ser útil para consumidores que buscam crédito adicional ou não têm acesso ao cartão. No entanto, alertam que, sem regras rígidas e clareza nas condições, a ferramenta pode se transformar em uma armadilha financeira.
Fonte: g1
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