O chefe do Estado Maior da Polícia Militar de Minas Gerais, coronel Eduardo Felisberto, reiterou, em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (3), que quase toda a corporação do Estado estará empenhada para os atos de 7 de setembro, em um esquema similar ao adotado nas eleições e no Carnaval.
O feriado pelo Dia da Independência do Brasil será marcado por manifestações contra e a favor do governo federal em todo o país.
“Estamos trabalhando para esse evento com estrutura semelhante à de carnaval e eleição, ou seja, praticamente de 80% a 90% do efetivo operacional da Polícia Militar, em torno de 36,35 mil homens empregados no 7 de Setembro nos diversos turnos do dia”, afirmou o coronel Eduardo Felisberto.
Após reunião, na manhã desta sexta-feira, entre a PM com Polícia Civil, Ministério Público Federal, Ministério Público Estadual e Defensoria Pública de Minas Gerais os detalhes sobre o policiamento e o esquema de segurança para o dia das manifestações foram definidos.
Ainda de acordo com o chefe do Estado Maior, um gabinete de crise foi criado para os atos na capital e no interior.
“Estaremos instaurando, no dia 7 de setembro, na Cidade Administrativa, uma sala de crise com a presença destes órgãos mais aos órgãos de segurança, Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, mais órgãos de controle externo”, disse o comandante.
Na rua, a PM vai contar com reforço do efetivo nos principais pontos de manifestação, além do monitoramento por drones e helicópteros. A Polícia Civil de Minas Gerais também estará empenhada na segurança dos protestos. As delegacias de plantão receberão reforço do efetivo para caso haja ocorrências. Quanto ao MPF, o MPE e a Defensoria Pública, representantes estarão de plantão caso haja ocorrências criminais e necessitem da atuação dos órgãos.
Os atos em BH estão marcados para às 10h da terça-feira. Os manifestantes pró-Bolsonaro sairão em carreata do Estádio Mineirão, na região da Pampulha, até a Praça da Liberdade, região Centro-Sul da capital. Já o Grito dos Excluídos, formado por movimentos de esquerda e contrários ao presidente, marcaram concentração para a Praça Afonso Arinos, também na região Centro-Sul, e caminharão até a Praça da Estação, no centro da cidade.
“A ideia aqui é garantir o direito à livre manifestação de todos, de qualquer ideologia política, de qualquer questão partidária. Todos terão a segurança por parte da Polícia Militar, todos serão acompanhados nestes deslocamentos e terão seu direito constitucional à livre manifestação garantido, sem que haja qualquer tipo de agressão por parte de A ou B”, disse Eduardo Felisberto Alves.
Já no interior, segundo o próprio comandante informou, cerca de 150 atos por 65 cidades estão marcados e a PM também terá reforço de efetivo para essas localidades.
“Teremos ainda hoje uma outra reunião virtual com os comandantes das regiões do interior do estado alinhando este planejamento que foi feito com o que cada um fez na sua região. Vale ressaltar que toda tropa estará empregada, seja da administração, da tropa operacional, a tropa acadêmica, todos estarão empenhados”, disse o coronel Eduardo Felisberto.
Presença de militares manifestantes
O chefe do Estado Maior da Polícia Militar mineira foi incisivo ao abordar a possível presença de policiais militares como manifestantes, principalmente nos atos em apoio ao presidente Jair Bolsonaro.
“O percentual de serviço é muito elevado, ele é de quase 100%. Policial Militar em serviço não se manifesta, ele garante a livre manifestação. Todos nós, sejamos militares ou civis, temos os direitos cívicos e políticos garantidos, mas, em Minas Gerais, policial militar estará de serviço, garantindo o direito das pessoas de se manifestarem”, reiterou o coronel.
Quanto aos policiais que estiverem de folga e quiserem participar dos protestos, o comandante afirmou que as corregedorias estarão de plantão para atuar em casos de excessos.
“Policial militar de folga sabe da situação dele, e aquele que tiver qualquer extrapolamento na sua conduta será acompanhado. Nossa corregedoria estará acompanhando também na sala de crise e acompanhando em solo”.
O temor pela participação de militares nos atos em apoio ao presidente Jair Bolsonaro cresceu após comandantes, principalmente da PM de São Paulo, incitarem os protestos.O coronel Aleksander Lacerda foi exonerado do cargo de comandante de sete batalhões da PM no interior de São Paulo após fazer críticas ao governador João Doria (PSDB) e convocar seus seguidores nas redes sociais para o protesto na avenida Paulista.
De acordo com a Constituição, militares da ativa não podem participar de manifestações políticas se utilizando da instituição à qual pertencem.