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segunda-feira, 30 de setembro de 2024

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Polícia aposta em tecnologia para desvendar mortes de pessoas baleadas em MG

Por Dentro De Tudo:

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A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) conseguiu identificar três armas de fogo usadas em homicídios na região de Paracatu, no Noroeste de Minas. O armamento foi encontrado no Estado de Goiás após uma operação das forças de segurança, que terminou com a morte de três suspeitos. A identificação do armamento foi feita através do Banco Nacional de Perfil Balístico (BNPB). Esse é o primeiro match – correlação – nacional de perfil balístico em Minas Gerais, conforme divulgou a PCMG nesta sexta-feira (15 de dezembro). 

Conforme investigações, os homicídios na cidade mineira foram cometidos entre agosto e setembro deste ano por três integrantes de uma organização criminosa conhecida nacionalmente. Na ocasião, quatro homens foram mortos, outros dois ficaram feridos e uma mulher também sobreviveu aos atentados. Em um dos casos, um homem chegou a ser atingido por quatro dos 65 tiros disparados pelos criminosos.

O trio foi identificado e uma operação conjunta foi montada em 22 de setembro para prender os suspeitos, que eram monitorados. Contudo, o trio reagiu à abordagem policial e morreu durante o confronto. Na ocasião, as armas foram apreendidas pela polícia.“Os indivíduos, naturais de Goiás e Minas Gerais, tinham extensa ficha de registros criminais. Um deles, inclusive, foi resgatado de uma unidade de recuperação e reintegração social de condenados, no ano passado, enquanto cumpria pena por outro homicídio”, revela o delegado regional em Paracatu, Gustavo Henrique Ferraz Silva Lopes, que acompanhou as investigações e esteve presente durante a operação.

Após a apreensão das armas, um trabalho conjunto da PCMG com a Polícia Técnico-Científica de Goiás concluiu que três armas de fogo apreendidas naquele estado foram as mesmas utilizadas em três ocorrências de homicídios na região de Paracatu, no Noroeste de Minas. O êxito dos trabalhos periciais foi possível graças à implementação do Sistema Nacional de Análise Balística (Sinab) em Minas Gerais, bem como nos demais estados da federação, a partir da criação do Banco Nacional de Perfil Balístico (BNPB), institucionalizado em 2021.

Mais de 80 correlações

O chefe da Seção Técnica de Balística e Identificação de Armas e Munições (STBIAM), do Instituto de Criminalística, perito criminal Fabiano Marques da Silva Santos, explica que o BNPB começou a ser alimentado pela PCMG em janeiro deste ano e, desde então, já contribuiu com cerca de 80 correlações entre ocorrências policiais no âmbito estadual. “Em menos de um ano, conseguimos juntar provas materiais de suma importância no sucesso investigativo e, agora, colhemos também o fruto desse trabalho com o nosso primeiro match nacional”, comemora.

“Daqui para frente alcançaremos mais correlações, uma vez que o sistema segue sendo intensamente alimentado por elementos balísticos (projéteis e estojos)”, adiantou o perito, que atribui o avanço do processo a dois fatores fundamentais. “Primeiro, contamos com dois equipamentos de ponta, o Sistema Integrado de Indexação Balística (Ibis, na sigla em inglês); segundo, pela atuação de nossos profissionais altamente capacitados para operação e análise desses dados”, afirma.

Os dois equipamentos Ibis somam um investimento de aproximadamente R$ 8 milhões. O primeiro deles foi adquirido pela PCMG por doação da empresa Vale como parte das ações de reparação devido ao rompimento da barragem em Brumadinho – a tragédia resultou na perda de 272 vidas humanas e gerou uma série de danos sociais, econômicos e ambientais. O outro, por repasse da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), como forma de expandir o BNPB.

Procedimento

Peritos da Polícia Científica de Goiás inseriram no BNPB os padrões balísticos coletados das armas apreendidas naquele estado, enquanto que os peritos criminais da Polícia Civil de Minas incluíram os elementos balísticos incriminados, ou seja, aqueles coletados nos locais de crime, bem como os retirados das vítimas dos homicídios ocorridos no âmbito da Delegacia Regional de Polícia Civil em Paracatu.

“Os materiais de ambos os estados foram cadastrados no Banco Nacional, tendo o sistema indicado probabilidade significativa de correlação entre os projéteis e os padrões das armas de calibres 380, .40 e 9 mm”, detalha o perito criminal João Luiz Silva Moreira, gestor estadual suplente do Sinab.

Ainda segundo o perito, diante do resultado, foi necessário que ambas as equipes forenses assinalassem, à distância, a prévia concordância da correlação apontada pelo banco. Em seguida, os padrões coletados pelos peritos da Polícia Científica de Goiás foram, por intermédio da Polícia Federal (PF), enviados a Belo Horizonte para a subsequente realização do exame de microcomparação balística e, finalmente, confirmação dos resultados.

Perspectivas

A perita criminal Milene Freire Batista, gestora estadual titular do Sinab, adianta que o projeto deve se expandir rapidamente nos próximos anos, podendo haver mais ocorrências de vinculações.“Até o momento, o estado de Minas conta com aproximadamente 900 elementos balísticos inseridos no banco nacional. Conseguimos muitos resultados em pouco tempo, mas acreditamos que o volume deve aumentar consideravelmente nos próximos anos”, diz a perita.

Fonte: O Tempo.

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