O enigma do furto de chaves-canivete, que já causou um prejuízo de cerca de R$33 milhões para os pátios que prestam serviços à Fiat Automóveis em Minas, está perto de ser desvendado. Após uma entrevista concedida pelo empresário Afonso Rodrigues de Carvalho, que descreveu o fenômeno como ato de sabotagem de um concorrente da operadora logística da Fiat, várias testemunhas foram localizadas pela Polícia Civil, e a investigação ganhou força.
A entrevista foi veiculada pelo Patrulha da Cidade, da rádio Super 91,7 FM, no último dia 10. O entrevistado detalhou, ainda, que a empresa responsável por ser a mandante e financiadora da quadrilha, que agia nos pátios de Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, é do Rio Grande do Sul.
Entre 2011 e 2015, os pátios de parqueamento que serviam à Fiat Automóveis foram alvos de inúmeros furtos de mais de 35 mil chaves-canivete. Enquanto os concorrentes da montadora italiana, sediada na cidade da Grande BH, desconheciam qualquer problema com a administração das chaves de veículos, em Betim o furto dos itens prosperava e parecia não ter fim.
A operadora logística da Fiat era prejudicada, já que, com a ausência da chave, era necessário realizar a recodificação do objeto – que demorava dias ou semanas. A média era de 200 furtos por semana – o pico registrado foi de 400 crimes em sete dias. Todas as iniciativas para inibir os furtos fracassaram, já que a Fiat operava em diferentes pátios e com a transferência antes do embarque definitivo para a rede de revendas.
Em 2015, quando a Polícia Civil desarticulou uma quadrilha que roubava carros e os clonava, apareceram milhares de chaves num depósito de Pedro Leopoldo junto com 31 carros furtados (novos ou seminovos) – chamava atenção a predominância de carros da Fiat.
Entre 2012 e 2014, mais de cem veículos novos desapareceram dos pátios. Quando a vigilância da Sada Transportes interceptou um caminhão carregado com dois veículos que tentavam sair de um pátio, houve troca de tiros. A identificação do motorista ferido pela vigilância deu à polícia as primeiras informações confiáveis. Esse episódio e o de Pedro Leopoldo marcaram a derrubada do esquema. Se os carros eram clonados e revendidos, o furto das chaves não se justificava, uma vez que não havia mercado para revenda – além disso, as chaves não eram roubadas em outros locais onde há fábricas da Fiat.