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Policial militar que atirou em homem em Santa Luzia é solto e família da vítima lamenta: ‘Indignação’

Por Dentro De Tudo:

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O policial militar que atirou em Joaquim Aleixo Sabino durante uma confusão em um lava-jato em Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte, foi solto ainda no domingo (23), um dia após o ocorrido. A Polícia Civil aponta para legítima defesa do cabo.

A liberação do policial revoltou a família da vítima de 30 anos, que teve a morte cerebral confirmada por médicos do hospital João XXIII também no domingo. “Indignação de não acreditar mais na Justiça”, lamenta o irmão dele, Alexandre Teixeira dos Santos.

De acordo com a Polícia Civil, depois que o cabo e testemunhas foram ouvidos, “restou evidenciada legítima defesa na ação do policial”. Não há pedido de prisão dele por parte da corporação, conforme informou a PC em nota (leia na íntegra abaixo).

Ainda segundo a nota, a Delegacia Especializada de Investigação de Homicídios em Santa Luzia segue apurando o caso.

‘Justiça vai ser feita’

Para o irmão de Joaquim Aleixo Sabino, a soltura foi uma decepção com a Justiça brasileira. “Ele pode ter sido solto, liberado pela Justiça dos homens, mas pela Justiça daquele lá de cima, aquela nunca é falha”, defende. 

Alexandre reforça que o homem de 30 anos foi alvejado quando estava de costas, pela nuca, e completa: “Meu irmão está lá, e ele está solto. Ele deve ter tomado café da manhã, deve estar almoçando, e meu irmão está lá com respirador, coisas na cabeça, no peito. Meu irmão está em uma cama de hospital fria, gelada. Essa é a indignação”.

Relembre

Joaquim Aleixo Sabino foi atingido por um disparo efetuado por um cabo da Polícia Militar durante uma discussão no lava-jato da família da vítima, nesse sábado (22). Ele teve a morte cerebral confirmada no dia seguinte.

O irmão de Joaquim, Alexandre Teixeira dos Santos, chegou ao local cinco minutos após o tiro. Segundo ele, o policial militar, que estava de folga, estava alterado e atirou quando a vítima estava de costas. A PM informou que o agente estava à paisana e que o caso é acompanhado pela Corregedoria (leia abaixo).

Ao BHAZ, o irmão diz que Joaquim “nunca bebeu, nunca fumou, nunca se envolveu em confusão”. Ele trabalhava em uma mineradora e deixa duas filhas, de 2 e de 5 anos.

A versão do policial

De acordo com registro da Polícia Militar, o policial de 37 anos contou que havia contratado o serviço de polimento de carro no lava-jato de um dos irmãos da vítima. Segundo ele, ficou combinado que o carro estaria no local na tarde de ontem.

Conforme relato do militar, quando ele chegou ao lava-jato, encontrou Joaquim, que informou que o dono do estabelecimento não estava no local. O policial questionou a vítima sobre o paradeiro do carro, e, segundo ele, Joaquim não teria gostado do tom do questionamento.

Os dois, então, teriam começado a discutir até que passaram para agressões físicas. O próprio policial militar ligou para o 190 solicitando uma guarnição no local, mas ele disse que levou um soco na testa e um chute na perna.

Ainda conforme relato do militar à polícia, ele não teria conseguido se desvencilhar da briga e atirou em Joaquim. Após o disparo, o PM teria dito à atendente que precisava de socorro, mas os próprios vizinhos da vítima prestaram o auxílio necessário.

O policial foi preso e encaminhado à Central Estadual do Plantão Digital, onde foi solto. A Corregedoria da Polícia Militar acompanha a ocorrência.

Família e testemunhas

O lava-jato do irmão de Joaquim fica na garagem da casa da mãe deles, no bairro São Benedito. Um sobrinho da vítima, filho do dono do estabelecimento, estava no local no momento do disparo.

À Polícia Militar, testemunhas disseram que o autor estava respondendo de forma agressiva antes de iniciar uma discussão exaltada. Os dois teriam trocado socos e o policial teria avisado que ia atirar, antes de efetuar o disparo.

Alexandre Teixeira dos Santos, que chegou ao local minutos depois do tiro, disse que o policial era despreparado e tinha sinais de embriaguez ou uso de drogas. Ainda segundo ele, o militar teria se recusado a fazer exame toxicológico após cometer o crime.

Ao BHAZ, o irmão de Joaquim explicou que o policial teria pedido ao dono do lava-jato, outro irmão, que o carro fosse deixado na rua abaixo do estabelecimento, em frente à casa de um conhecido do militar.

No entanto, o autor foi direto para o lava-jato e não encontrou o veículo nem o dono. Ainda segundo Alexandre, testemunhas disseram que o homem tentou invadir a casa da família. Joaquim teria tentado impedir a entrada do policial no imóvel quando os dois começaram a discutir.

“O policial atirou nele pelas costas, a bala entrou na nuca e saiu pela testa. Quando eu cheguei lá, ele apontou a arma para mim, e não queria deixar ele ser socorrido”, relata Alexandre Teixeira dos Santos.

‘Só um milagre’

Joaquim Aleixo Sabino foi socorrido pelos vizinhos e levado à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) São Benedito, em Santa Luzia. De lá, ele foi encaminhado ao hospital João XXIII, em Belo Horizonte.

No domingo, Alexandre foi informado pelos médicos de que o irmão havia sofrido morte cerebral. “O médico disse que agora é só um milagre. Não deu esperanças. Se um milagre acontecer, ele ainda fica em estado vegetativo”, lamenta.

O que diz a PM?

Procurada pelo BHAZ no domingo, a Polícia Militar de Minas Gerais informou que “o policial militar estava de folga e à paisana” e que o caso foi registrado pelo 35º Batalhão e é acompanhado pela Corregedoria da instituição.

“O policial militar foi preso em flagrante delito e conduzido à delegacia de plantão da Polícia Civil para adoção de providências cabíveis e apuração dos fatos”, diz a nota (leia na íntegra abaixo).

Nota da Polícia Civil na íntegra

“A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) esclarece que a ocorrência foi atendida, sábado (22/1) à noite, na Central Estadual do Plantão Digital, e pela análise dos depoimentos do suspeito e de algumas testemunhas restou evidenciada legítima defesa na ação do policial. Os fatos seguem em apuração pela equipe da Delegacia Especializada de Investigação de Homicídios em Santa Luzia para completa elucidação dos fatos e não há pedido de prisão do investigado por parte da PCMG”.

Nota da Polícia Militar na íntegra

“A respeito da ocorrência que resultou na morte cerebral de um homem, a partir de um fato que se deu no bairro São Benedito, em Santa Luzia, neste sábado (22/01), a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) esclarece que o policial militar estava de folga e à paisana e que o evento foi registrado pelo 35º BPM, com acompanhamento da Corregedoria da instituição. O policial militar foi preso em flagrante delito e conduzido à delegacia de plantão da Polícia Civil para adoção de providências cabíveis e apuração dos fatos”.

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