Manifestantes fizeram um ato na manhã deste domingo (19), na praça da Prefeitura de Pedro Leopoldo para pedir que a fábrica da cervejaria Heineken seja construída na cidade.
A empresa anunciou que desistiu de construir o empreendimento no município, após a obra ser embargada na Justiça, a pedido do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), que argumentou que a instalação da cervejaria no terreno pretendido poderia gerar um grande impacto ambiental.
O ato deste domingo teve o apoio de moradores e autoridades de Pedro Leopoldo. A expectativa era de um investimento da ordem de R$ 1,8 bilhão por parte da Heineken. Segundo a vice-prefeita e secretária de Planejamento Urbano da cidade, Ana Paula Santos, a previsão é de que cerca de 1.000 empregos também fossem gerados e por isso, mesmo com o anúnico da desistência por parte da empresa, a prefeitura ainda tenta conversar com a cervejaria.
“A vinda dela nos trouxe uma esperança muito boa, porque a Heineken não vem sozinha, tem outras empresas prestadoras de serviço também. O que a população mais precisa hoje é de emprego e a gente viu uma grande oportunidade na instalação. Por isso a gente está lutando até a última hora. Enquanto existir 1% de chance a gente está lá pedindo para que fiquem”, disse.
Ana Paula explica que após o ato, a prefeitura vai encaminhar um manifesto para a Heineken pedindo a permanência da empresa na cidade e a ideia é tentar marcar uma reunião com representantes da empresa.
“A gente vai mandar o manifesto pra eles e chamar para uma conversa para que a gente entenda o que a empresa está pensando. Queremos ver se eles não tem interesse em outra área, ou até mesmo naquela, porque a gente acredita que dá para chegar em um meio termo e compatibilizar a implantação da empresa com a preservação ambiental”, disse.
Entenda o caso
A construção da fábrica da Heineken em Pedro Leopoldo foi anunciada em dezembro de 2020 e comemorada pelo governo de Minas, diante da perspectiva de um investimento de R$ 1,8 bilhão no Estado.
A empresa formalizou o pedido de licenciamento ao governo mineiro em junho deste ano, segundo a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), e recebeu autorização para iniciar as obras dois meses depois. A secretaria afirma que, segundo as informações apresentadas pela empresa, não haveria indício de dano irreversível às cavidades da Lapa Vermelha.
Já o ICMBio avaliou que as informações apresentadas pela Heineken foram insuficientes e que a obra pode ter potencial de impacto ambiental, por isso aguarda novos dados da empresa. No último mês, o Ministério Público também abriu inquérito civil para apurar possíveis impactos ao patrimônio cultural da região com a instalação da fábrica.
A principal preocupação do MP era com o sistema hidrológico da região. Além disso, o órgão alegava temor em relação a impactos negativos e poluidores do sítio arqueológico. Bem próximo do local em que seria construída a fábrica foi descoberto o crânio de Luzia, fóssil humano mais antigo das Américas. O MP, inclusive, chegou a recomendar à Semad a suspensão da licença.
Na semana passada, a pasta informou que não aceitou a recomendação, mantendo a licença, mas que realizaria uma construção conjunta com o MP para se chegar à melhor definição para o caso.