Um jovem de 13 anos matou uma professora e feriu outras cinco pessoas ao invadir a Escola Estadual Thomazia Montoro, na zona oeste de São Paulo.
Elisabete Tenreiro, vítima fatal do incidente, tinha 71 anos. De acordo com o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, o adolescente feriu ainda outras três professoras e dois alunos.
Em entrevista à CNN, o Coronel José Vicente da Silva, ex-Secretário Nacional de Segurança, e Telma Vinha, doutora em educação e professora da Unicamp, debateram as razões para o aumento nos ataques a escolas no Brasil e possíveis medidas de contenção.
Nos últimos 21 anos, aconteceram 22 ataques em escolas perpetrados por alunos ou ex-alunos, sendo a maior parte em escolas públicas, de acordo com dados coletados pelo grupo de estudos do qual participa a especialista.
“Antes nós tínhamos um a cada ano e aí pulava. Nós tivemos nos últimos nove meses, nove ataques. Se nós considerarmos que nos últimos 21 anos nós tivemos 22, ter nove ataques nos últimos meses é um aumento muito grande e significa que outros acontecerão”, afirmou Telma Vinha.
Segundo a estudiosa, uma conjunção de fatores está impulsionando o aumento de incidentes desse tipo, entre eles o acesso fácil a discursos de ódio propagados na internet, a facilitação do acesso a armas de fogo e o sofrimento dentro da escola.
“Nós temos uma radicalização da juventude. Eles cada vez mais tem frequentado fóruns extremistas, onde são radicalizados. A soma da radicalização, do acesso à internet cada vez mais fácil, aprendendo a realizar esses ataques, e mais o sofrimento na escola e outros fatores ainda, forma um caldeirão, uma conjuntura que facilita que esses ataques ocorram”, disse a doutora em educação.
Na visão de Silva, um conjunto de medidas é necessário para enfrentar esse aumento. “Muitas vezes existem movimentações de bullying sobre certos alunos, que em um lance de revolta, juntando seus problemas pessoais e familiares, podem ter esses atos desesperados”.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Por que ataques em escolas têm se repetido no Brasil? Especialistas analisam no site CNN Brasil.