Por que o excesso de energia no Brasil não reduz a conta de luz dos consumidores

Por Dentro De Tudo:

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Mesmo com sobra de energia no sistema elétrico, os brasileiros continuam pagando caro pela conta de luz. O paradoxo ocorre porque o país, em alguns momentos, precisa cortar a geração de energia renovável — prática conhecida como curtailment — para evitar sobrecarga na rede, o que já causa prejuízos bilionários aos setores eólico e solar.

Segundo especialistas, o problema está na falta de armazenamento de energia. Quando há excesso de geração, especialmente durante o dia, o Brasil ainda não tem estrutura para guardar essa eletricidade. Assim, o excedente é desperdiçado. Já nos horários de maior consumo, como no início da noite, o sistema recorre às termelétricas, mais caras e poluentes, o que eleva as tarifas.

De acordo com o engenheiro Jonathan Colombo, da FGV, o país opera com uma matriz diversificada, em que fontes “perecíveis”, como solar e eólica, não podem ser acionadas sob demanda — diferentemente das hidrelétricas e térmicas, que permitem maior controle de geração.

A solução, apontam especialistas, é investir em baterias de larga escala, capazes de armazenar energia nos períodos de sobra para uso posterior. O custo dessas tecnologias vem caindo globalmente, impulsionado pelo avanço dos veículos elétricos.

Além disso, os subsídios e encargos continuam pesando na conta de luz. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os incentivos governamentais já representam 17,5% da tarifa, beneficiando setores como energia solar distribuída, geração na Amazônia e programas sociais.

Em 2024, os subsídios somaram R$ 48,9 bilhões, quase o dobro do registrado em 2020. O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), Marcos Madureira, defende que é necessário “repensar os incentivos” para reduzir o custo ao consumidor.

Uma das alternativas em estudo é a adoção de tarifas dinâmicas, com preços mais baixos nos horários de alta geração (entre 10h e 16h) e mais altos nos períodos de maior consumo. Dessa forma, o consumidor poderia economizar ao adaptar o uso de energia — por exemplo, ligando máquinas de lavar ou carregando carros elétricos durante o dia.

📸 Foto: Divulgação / g1

📍 Fonte: g1 — Reportagem de Paula Paiva Paulo

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