Preços de frutas, legumes e verduras mais impactados pela onda de frio intenso devem se manter elevados pelos próximos quatro meses em Minas. As causas são multifatoriais, mas deve-se destacar as geadas registradas no último mês no Sul do território mineiro e em outros estados, como São Paulo e Paraná. A análise é da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Sistema Faemg).
“A tendência é que os preços de alguns hortifrutis se mantenham elevados pelos próximos três, quatro meses, no mínimo”, explicou Caio Coimbra, analista da Gerência Técnica da Faemg. Segundo ele, diversos motivos explicam o aumento de alguns itens de horticultura e fruticultura nesta época do ano. Entre eles, está um ponto comportamental: o consumidor reduz, por exemplo, a compra de alface e tomate no inverno, e prioriza opções como mandioca e milho nesse período.
Assim, explica Coimbra, a tendência seria de que os preços do tomate caíssem, já que a procura está menor. No entanto, a análise traz outras questões que mudam tal raciocínio. “O caminho natural seria de queda no preço, com a substituição de alimentos do ponto de vista comportamental, mas em julho houve alta no tomate. Os motivos são os problemas climáticos, o frio intenso e as geadas, que fizeram com que o ciclo de produção se alargasse e houvesse menos entrega”, completou o especialista.
Com menos oferta, portanto, o preço sobe. Em agronomia, o ciclo de produção, ou seja, a quantidade de tempo necessária para um alimento ficar pronto para consumo, pode ser alongado por vários fatores, como o clima. A alface, por exemplo, que demoraria 40 dias para estar disponível no mercado, em temperatura amena, precisará de 60 dias para amadurecer sob o frio intenso. Assim, se demora mais para chegar aos consumidor, pode haver escassez, o que faz o valor subir.
E é fato que Minas vivencia uma forte onda de baixas temperaturas. Levantamento do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em Belo Horizonte mostrou que 12 cidades mineiras tiveram pelo menos uma ocorrência de geada nos últimos dois meses. São eles: Florestal, na Região Metropolitana de BH; Oliveira e Bambuí, no Centro-Oeste; Patrocínio, no Alto Paranaíba; Conceição das Alagoas e Uberaba, no Triângulo; e Caldas, Maria da Fé, Monte Verde, Passos, Passa Quatro e Varginha, no Sul de Minas.
De acordo com o analista da Gerência Técnica da Faemg, o congelamento dos vegetais, obviamente, prejudica a produção no Estado, o que contribui para o aumento de preços. No entanto, o causador preponderantre da alta são as geadas, ainda piores, registradas em estados como São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul: com a produção prejudicada, eles precisam comprar de Minas, causando falta de hortifruti por aqui e, portanto, aumento do valor.