Prefeitura diz que BH ‘suportou bem’ a chuva; ambientalistas discordam

Por Dentro De Tudo:

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Apesar do cenário de caos e de destruição, a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) avalia que a capital mineira conseguiu “suportar bem o temporal” dessa quarta-feira (7). Ambientalistas, no entanto, discordam e alertam que, embora tenha caído um volume considerável de chuva, ainda está no início o período que concentra os temporais mais fortes. Também avaliam como “terríveis” as cenas de carros e pessoas sendo arrastadas por enxurradas.  

A percepção da prefeitura de que a capital “suportou bem” o temporal foi apresentada em reunião nesta quinta-feira (8), no Centro Integrado de Operações (COP), pelo coronel Waldir Figueiredo, subsecretário de Proteção e Defesa Civil. Também participaram do encontro secretários, vereadores e o prefeito Fuad Noman (PSD), que avaliaram medidas adotada pela prefeitura, como as obras nas bacias do Ribeirão Arrudas e dos fluxos de água que passam debaixo da avenida Vilarinho — que ficou debaixo d’água no temporal. 

O prefeito de BH garantiu que investimentos seguem sendo feitos em obras. Ele também fez uma afirmação otimista sobre melhorias estruturais, em curto prazo. “As obras que estão sendo feitas pela Prefeitura são relevantes e importantes. Algumas delas são complexas e mais caras, mas temos o dinheiro e em um ou dois anos teremos os resultados para mostrar que, de fato, Belo Horizonte está preparada para as chuvas”, disse Fuad.

Ambientalistas consultados pela reportagem, entretanto, acreditam que a cidade está distante de uma solução. “Estamos longe de estarmos preparados. As cenas que vimos ontem são terríveis”, avalia o médico sanitarista e ambientalista Marcus Polignano, coordenador projeto Manuelzão, que considera a existência de “armadilhas urbanas” na cidade, especialmente em grandes avenidas, que “escondem” cursos de água.

“As pessoas transitam nas avenidas, que na verdade são córregos canalizados, e quando o volume de água não cabe nesses córregos, ocorre essa situação, que ameaça a vida e causa pânico. Desvaloriza os imóveis. As pessoas perdem economicamente. O modelo de cidade que temos hoje precista trabalhar em outra perspectiva que não seja essa ideia de canalizar córrego”, prossegue. 

Segundo Polignano, devemos “celebrar que não houve mortos na chuva dessa quarta, mas o pânico e a insegurança estão presentes em toda população” que mora próximo às regiões de inundação. Ele também considera que as obras devem ser “estruturais” e não apenas “paliativas”. “Temos que conviver com a água dos rios”, afirmou. 

Tratar rios como rios 

“A metodologia de canalização não respeita a natureza”, avalia a ambientalista Jeanine Oliveira. A especialista pontua que as medidas adotadas recentemente pela prefeitura se mostraram “ineficientes”. “É preciso tratar rios como rios”, sugere. Isso porque as águas precisam ter para onde ir, prossegue. “Se você tira o espaço da água, ela vai encontrar outro caminho e destruir tudo até ter condição de passar”, analisa. 

“Afeta casas, carros. Causa prejuízos. Mata pessoas. Não adianta colocar tudo para dentro de uma galeria de água, fazer bacias de contenção. Tratar a natureza como natureza é entender que o rio possui determinados elementos, como a área de várzea, que é onde alaga”, pondera.

A especialista completa com a avaliação de que a descanalização dos rios e a construção de um modelo de cidade em que os cursos de água façam parte do cenário urbanístico é o caminho correto para que Belo Horizonte respeite a natureza e evite estragos após temporais. 

Chuva 

A forte chuva que atingiu Belo Horizonte nesta quarta-feira provocou estragos. Vias da cidade foram interditadas e carros ficaram presos em meio ao alagamento de vias. O trânsito ficou caótico em praticamente toda a cidade. A Defesa Civil também registrou chamados de risco de deslizamentos, infiltrações, desabamento de muros e trincas em casas.

Fonte: O Tempo.

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