Um presídio localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte se transformou em palco de uma sequência alarmante de episódios violentos. Entre os dias 3 e 6 de julho, três detentos foram mortos e outros dois ficaram gravemente feridos após espancamentos em diferentes celas da unidade.
A unidade, destinada também a presos LGBTQIAPN+ e indivíduos envolvidos em crimes de menor potencial ofensivo, foi descrita por servidores como um verdadeiro “barril de pólvora”. Fontes relataram à imprensa que os conflitos têm sido motivados por razões fúteis, como desentendimentos pessoais e disputas internas, o que evidencia o agravamento da tensão entre os detentos.
Um dos presos foi agredido com facadas e precisou ser socorrido em estado grave. A superlotação, a precariedade das condições estruturais e a falta de controle sobre objetos ilícitos também foram apontadas como causas centrais da crise. Um relatório recente do Conselho Nacional de Justiça já havia classificado as instalações do local como péssimas, com celas projetadas para oito presos abrigando até 30 pessoas.
Segundo especialistas, o cenário expõe falhas sistemáticas no modelo de custódia adotado no Brasil. Uma pesquisadora da UFMG apontou que a letalidade nas prisões está ligada ao abandono do Estado em garantir a integridade física e a segurança mínima aos detentos. A ausência de medidas eficazes de desencarceramento, estrutura de atendimento e políticas de ressocialização contribui para que o ambiente prisional se torne ainda mais violento.
A Secretaria de Estado de Justiça informou que todos os casos estão sendo apurados internamente e que os detentos envolvidos passarão por Conselho Disciplinar, podendo sofrer sanções administrativas. A pasta também ressaltou que novas vagas estão sendo criadas em unidades prisionais de todo o estado, com obras em andamento e reformas concluídas em presídios que estavam há anos sem manutenção adequada.
A juíza da Vara de Execuções Penais da comarca responsável afirmou, por meio de nota, que visita frequentemente a unidade, mas negou relação entre as visitas e os episódios violentos recentes. As investigações criminais seguem sob responsabilidade da Polícia Civil.
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Fonte: Jornal O Tempo