A violência no Presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, tem gerado forte preocupação entre os policiais penais e autoridades. Segundo denúncia feita nesta terça-feira (29) pelo Sindicato dos Policiais Penais, a unidade prisional registrou 19 mortes apenas em 2025 — sendo 16 delas causadas por espancamentos e perfurações com armas artesanais.
O diretor do sindicato, Magno Soares, relatou em entrevista à rádio Itatiaia que a situação na unidade é “calamitosa”, comparando-a a um “barril de pólvora prestes a explodir”. O sindicalista afirmou que os agentes penais trabalham em condições precárias e sob risco constante. “Nossos agentes saem de casa sem saber se vão voltar para suas famílias”, disse.
Um dos casos mais recentes ocorreu na segunda-feira (28), quando Cláudio Alves Carneiro, de 44 anos, foi brutalmente espancado dentro da cela 1 da ala 2 e morreu durante atendimento na enfermaria.
Com capacidade para 1.047 presos, o presídio abriga atualmente 2.228 custodiados — mais que o dobro da lotação ideal, conforme apresentado pela deputada estadual Andréia de Jesus (PT) em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais no último dia 14. A Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) evita divulgar oficialmente os números por “razões de segurança”, mas confirmou que todas as ocorrências com óbitos estão sob investigação.
Diante da superlotação e das constantes denúncias, o governo estadual tem anunciado medidas para ampliar o número de vagas no sistema prisional mineiro. Segundo a Sejusp, cerca de 2.700 vagas estão sendo criadas com a entrega de novos presídios e reformas em unidades já existentes. Entre os destaques estão os novos presídios de Iturama e Ubá, e as ampliações no Ceresp Gameleira, Ceresp Ipatinga e Ceresp de Juiz de Fora. Também estão em andamento obras em presídios de Itaúna, Frutal, Lavras e Poços de Caldas, com previsão de entrega até 2026.
A pasta informou ainda que as unidades são fiscalizadas regularmente por órgãos como o Tribunal de Justiça de Minas Gerais e que os procedimentos internos são comunicados ao juízo da execução penal, podendo resultar em prejuízos à progressão de pena de envolvidos em atos violentos.
Apesar das promessas de investimento e ampliação, o clima na unidade continua tenso. “A ‘ciranda da morte’ voltou a fazer parte da rotina. É uma roleta russa”, alertou Magno Soares, cobrando providências mais imediatas e efetivas para garantir a segurança dos profissionais e detentos.
Com informações de Larissa Ricci e Oswaldo Diniz, Rádio Itatiaia
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