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Procura por creches para cães aumenta com a volta ao trabalho presencial

Por Dentro De Tudo:

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Na pandemia, pelo menos mais 800 mil cães de estimação adentraram os lares brasileiros, que hoje reúnem cerca de 55,9 milhões de cachorros, segundo o último censo realizado pelo Instituto Pet Brasil.

O aumento do tempo dos tutores em casa, devido ao home office, impulsionou a adoção ou compra de bichinhos, e agora, com o gradual retorno dos trabalhos presenciais, cresce a demanda por hotéis e creches para cachorros em BH.

Na creche Matilha Real, no bairro Alto Barroca, na região Oeste da capital, a demanda aumentou 25% neste semestre, segundo a coordenadora Amanda Faria.

“Estamos entrando em alta temporada para o hotel, e estou com duas semanas sem vaga disponível para avaliação de novos cães, porque muitas pessoas vão viajar. Também temos muitas pessoas que estão voltando a trabalhar e precisam da creche para deixar o cãozinho”, diz.

O valor da estadia na creche varia de R$ 240 mensais por um dia na semana a R$ 640 para todos os dias úteis. 

Além de servirem como local para os pets passarem o dia, as creches estimulam os cães a brincarem juntos e permitem, com brincadeiras, que eles exercitem instintos naturais da espécie, como a caça.

Os dois dias da semana que a shih-tzu de 9 meses Nina passa no local são de alegria, conta a tutora, a administradora Aline Faria, 37.

“Ela fica cansada de um jeito bom no dia seguinte e já até sabe quando é dia de creche. Resolvi ter um filhotinho na pandemia porque estava trabalhando em home office, mas agora saio para o trabalho três vezes por semana”, diz. 

De olho no filão, empresários também apostam alto em novas creches na cidade: a empresária Maitê Teixeira investiu, com sócios, R$ 500 mil na abertura da creche e hotel para cachorros Pets Home, no bairro Luxemburgo, na região Centro-Sul de BH.

O espaço foi inaugurado no começo deste mês, e Maitê diz já pensar em contratar mais funcionários, dada a demanda. 

“Muita gente nos procura porque está voltando a trabalhar fora, mas a pandemia também fez com que as pessoas quisessem dar mais bem-estar ao cão, e elas nos procuram para que eles se socializem. Então acredito que o aumento da procure continue”, avalia.

Prejuízos

Mesmo com aumento de 12% da base de clientes neste semestre, a cofundadora da creche Educãodo, com três unidades em BH, Cláudia Simões, explica que prejuízos acumulados ao longo da pandemia ainda não foram recuperados. 

“Tivemos uma queda significativa de clientes no início da pandemia, porque a creche do cachorro foi a primeira coisa que quem estava apertado cortou do orçamento”, pondera.

Com a escalada do preço dos aluguéis e das contas de água e luz, ela não repassou aumentos para clientes, mas eliminou descontos em planos trimestrais e semestrais.

Mercado pet deve aumentar faturamento em 22% em 2021

Com o mercado aquecido desde antes da pandemia, o Instituto Pet Brasil prevê um faturamento para o setor de R$ 49,9 bilhões em 2021, crescimento de 22% sobre 2020, quando o mercado pet faturou R$ 40,8 bilhões.

Mesmo assim, os números mantêm o Brasil como um dos principais mercados pet do mundo. O país permanece no top 3 do ranking mundial, atrás somente de EUA (1º) e China (2º).

Com a alta, pequenas e médias empresas voltadas a animais de estimação abrem as portas e fazem sucesso em plena crise econômica em BH.

Neste ano, a empresária Mara Miranda inaugurou em BH a Happy Doggy, empresa especializada em marmitas de alimentação natural para cães e gatos, incluindo vegetais e carne, em vez de ração.

“A maior parte dos clientes tem cachorros com problemas de saúde e com dieta recomendada pelo veterinário, mas tenho muitos clientes que adotaram cães sem raça definida e querem uma qualidade de vida melhor para os pets”, explica.

Animais podem sofrer com separação

Apegados a rotinas, cães e gatos que passaram meses na companhia dos tutores em casa podem sofrer de problemas relacionados à separação, agora que muitos escritórios voltaram a abrir as portas para o trabalho presencial.

As creches ajudam a estimular e acalmar os bichinhos, especialmente os cães, segundo a veterinária comportamentalista Ana Maria Barcelos, mas quem não tiver condições de matricular o pet também pode amenizar a ansiedade dele em casa.

“Um dos problemas da ansiedade de separação é a falta de independência do animal, que, às vezes, ficou o dia inteiro ao lado do tutor. Quem for começar a sair precisa parar de ficar o dia inteiro ao lado do animal e colocar um brinquedo para ele se distrair em outro cômodo, servir a comida dele em outro local e sair de casa por curtos períodos, sem fazer festa quando voltar”, orienta a especialista. 

Brinquedos interativos que permitem armazenar comida são boas opções para manter o pet distraído e também podem ser produzidos de forma artesanal, com uma garrafa PET, por exemplo.
 
Os sinais mais claros de ansiedade de separação, explica a veterinária, são aumento da vocalização (latidos), destruição de itens da casa e micção e defecação em locais inapropriados, mesmo após treinamento.

“O ideal é o animal não passar mais de quatro horas sozinho em casa”, conclui. 

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