sexta-feira, 26 de abril de 2024

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Projeto oferece formação a professores da rede pública de Matozinhos  e cria programa de rádio sobre a cultura local 

Por Dentro De Tudo:

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Que Minas Gerais é berço de riquezas arqueológicas, históricas e culturais não é novidade! Mas  grande parte desse patrimônio muitas vezes ainda passa desapercebido ou carece de iniciativas de valorização. É o caso de muitas das riquezas localizadas em Matozinhos (MG), cidade da região metropolitana de Belo Horizonte. De artes rupestres pré-históricas, a um rico cenário musical e de festejos populares, por exemplo, o município está repleto de riquezas das mais diversas.  

Foi com o intuito de ampliar a visibilidade e valorização desses bens que o Projeto “O Patrimônio Histórico vai à Escola” criou uma série de iniciativas de mapeamento e difusão do patrimônio de Matozinhos junto às escolas públicas locais. Em junho de 2021, o programa deu os primeiros passos para conhecer as necessidades e desafios de educadores em relação ao tema educação patrimonial na cidade. Após um extenso trabalho de pesquisa, promoveu duas ações principais: uma ampla formação aberta a todos os professores de escolas públicas do município e certificada em parceria com a UFMG e um podcast voltado aos estudantes da cidade, que contou com 30 programas sobre a cultura local, veiculado online e na rádio Prioridade FM.  

A iniciativa é realizada pela Associação das Bibliotecas Comunitárias da RMBH – SABIC, em parceria com a prefeitura municipal de Matozinhos e com patrocínio da Cimento Nacional, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais.   

Evento de encerramento 

Para celebrar e apresentar as ações do projeto, acontecerá no próximo dia  6 de julho, o evento de encerramento.  Com painel de troca de experiências entre profissionais da educação, o evento terá a presença de especialistas que discutirão o patrimônio cultural do município.  Na programação, ainda estão previstas apresentações culturais e distribuição de uma publicação final com os aprendizados e resultados do projeto. O evento de encerramento será às 08h da manhã, no Colégio Municipal Professor Eurico Viana.  

Formação de professores 

Para discutir os conceitos de patrimônio, identidade, história e educação, o projeto promoveu o “Curso de Formação Continuada em Educação Patrimonial para Educadoras e Educadores de Escolas Públicas de Matozinhos”. Com cerca de 100 inscritos, a ação  foi dividida em encontros síncronos e assíncronos. 

Ao longo dos quatro encontros síncronos, educadores e agentes culturais puderam dialogar com especialistas de diversas áreas. A historiadora Nila Rodrigues, autora do livro “Museus e Etnicidade – O Negro no Pensamento Museal” e o professor Marcelo Fagundes , que atua no Departamento de Geografia da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, foram alguns dos convidados para a formação. Os encontros foram mediados por Elizabeth Seabra, professora do Curso de História da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Além das aulas, os participantes receberam um material de apoio personalizado para a formação. 

A professora Celina Aparecida Nunes Soares pontuou que, a partir da formação ela passou a ter um sentimento de pertencimento mais aflorado em relação à cidade. Ela pontua que “precisamos conhecer nosso patrimônio, para conscientizar e valorizar. Aquilo que não conheço, eu não valorizo”. Celina completa que “quando não entendemos que fazemos parte [do patrimônio], não valorizamos e se torna algo sem importância, tanto faz”.  

Programa de rádio “O Patrimônio Histórico está no ar” 

Com intuito de valorizar as riquezas e os patrimônios locais, o projeto também desenvolveu o programa de rádio “O Patrimônio Histórico está no ar”. A ação divulgou histórias e manifestações culturais de Matozinhos e Mocambeiro. A primeira temporada do programa desenvolveu 30 episódios, que foram veiculados na rádio local comunitária Prioridade FM. Os episódios também foram distribuídos nas plataformas de streaming Spotify e Google Podcast. 

Para incentivar a participação da audiência e atrair o público infanto-juvenil, o programa criou quadros interativos. No “Diz aí”, a audiência respondia perguntas sobre as histórias e tradições de Matozinhos. O programa contou ainda com as aparições do “Cuvieri”: uma preguiça-gigante que vive na nos arredores de Matozinhos. O personagem foi criado como referência aos fósseis encontrados na região de preguiças gigantes, da era pré-histórica da mega fauna. O nome do personagem foi inspirado no naturalista frânces que fez diversas expedições na região e que é considerado pai da paleontologia, Georges Cuvier. O programa conversou com historiadores, arqueólogos, agentes culturais e moradores do município de Matozinhos. Ao todo, foram oito séries que abordam a história e a pré-história da região, a fauna e flora local, além de divulgar iniciativas de artistas da região.  Para ouvir os episódios, acesse o site: https://anchor.fm/patrimonio-historico  

O rico patrimônio material e imaterial de Matozinhos  

Com 198 anos de idade, desde a fundação de Matozinhos a região guarda histórias do período colonial e até dos primeiros habitantes do continente. No município, existem artes rupestres que datam de 12 mil anos.  Algumas dessas artes estão na Gruta do Ballet, que abriga pinturas raras que foram chamadas de “Ritual da Fecundidade”. Desde 1996, o local faz parte do Patrimônio Arqueológico e Espeleológico de Minas Gerais, parte integrante do Conjunto Poções, tombado pelo IEPHA /MG. A cidade é o 4ª maior municipio em quantidade de cavernas do país e possui sítios de interesse arqueológico. Locais como a Lapa de Cerca Grande fazem parte da Área de Proteção Ambiental – APA Carste de Lagoa Santa.  Na região de Matozinhos já foram encontrados, por exemplo, fósseis de animais pré-históricos como o mastodonte, uma espécie que se assemelha aos mamutes, o tigre dentes-de-sabre e a preguiça-gigante.   

Além do patrimônio arqueológico, Matozinhos e o distrito de Mocambeiro abrigam movimentos tradicionais fruto do sincretismo religioso dos povos escravizados. As celebrações do Congado e Candombe, são exemplos de tradições da região que acontecem há mais de 100 anos. A cidade também é berço de artistas consagrados como o escritor Agripa Ulysses Vasconcelos, mineiro mais jovem a ingressar na Academia Mineira de Letras aos 25 anos de idade. O autor teve romances adaptados para teledramaturgia como “A vida em flor de Dona Beja” e “Chica que Manda”.   

SERVIÇO 

Evento de encerramento do projeto “O Patrimônio Histórico está no ar” 

Data: 06/07, às 8h no Colégio Municipal Professor Eurico Viana 

Endereço: R. Paulo Gonçalves, 57 – Progresso, Matozinhos – MG 

Realização: Realizado pela Associação das Bibliotecas Comunitárias da RMBH (Sabic), com parceria da Prefeitura Municipal de Matozinhos e patrocínio da Cimento Nacional por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais.   

Site: Para conferir os episódios de rádio e os materiais produzidos pela formação, acesse o site:   http://patrimoniohistoriconoar.org.br/ 

Sabic: A Sabic é uma rede que articula bibliotecas comunitárias criadas por moradores das periferias da Grande BH. Conheça outrass iniciativas da Sabic no site: https://www.sabicbh.org/ 

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