Foi num dia qualquer de 2004, quando uma colega de redação chegou à minha mesa com um CD-ROM de “Medal of Honor: Allied Assault”. Ela perguntou se eu já tinha jogado e disse que ainda tinha as expansões “Spearhead” e “Breaktrough”. Ela me emprestaria depois que finalizasse o primeiro. Isso foi numa segunda ou terça-feira. Sei que na quarta-feira (ou quinta) devolvi o jogo e disse, pode trazer o próximo.
Ela perguntou se não tinha gostado e respondi que não apenas gostei, mas que virei duas noites jogando. No dia seguinte o marido dela me ligou para confirmar se tinha mesmo finalizado o game e me perguntou como era a última fase. Fato é que “Allied Assault” marcou a chegada da franquia nos computadores, no dia 20 de janeiro de 2002.
Até então a série da Electronic Arts se resumia ao PlayStation 1 e a uma edição para Game Boy Advance. A chegada ao PC levou a franquia a um novo patamar. A começar pela história. O game abordava o Dia D, exatamente no desembarque das tropas aliadas na praia de Omaha, na Normandia, naquele 6 de junho de 1944. Data conhecida como o início do fim da Segunda Guerra Mundial.
Trama
O jogador é inserido no teatro infernal em que é preciso desembarcar na arrebentação e driblar as metralhadoras alemãs que cuspiam fogo dos bunkers. Trata-se de um dos grandes momentos de bravura da grande guerra, que em 1998 já tinha sido retratado em “O Resgate do Soldado Ryan”.
Não seria exagero dizer que há um certo plágio do retrato cinematográfico em Omaha. Aliás, tanto a EA, assim como a Activision já garimparam boas sequências do longa-metragem em alguns de seus títulos.
Em “Call of Duty WWII” há o mesmo desembarque e até mesmo uma missão em que o jogador deve atuar como sniper no campanário de uma igreja, igual à uma das cenas do filme, em que o atirador Daniel Jackson (Barry Pepper) disparava com um terço e agradecia por cada alvo atingido. No jogo, até uma medalhinha foi posta no rifle.
Voltando a “Allied Assault”, o game trazia fatores históricos ao universo dos jogos de tiro em primeira pessoa. Era um game maduro, que ia além de matar monstros, alienígenas ou nazistas mecanizados.
Gameplay
O título também trazia uma evolução em gameplay. Fugia de antigos modelos de jogabilidade, com grande variedade de armas e níveis de energia superiores aos inimigos.
Na pele do tenente Mike Powell, o jogador tinha munição limitada e poucos recursos de saúde. Algo corriqueiro nos games atuais, mas que mostrava um compromisso com o realismo. Fatores que elevaram o nível de imersão e desafio, capaz de manter o jogador preso à trama.
A campanha conta com missões de combate em campo aberto, sabotagem, infiltração e demais tarefas necessárias em dias de guerra. Numa dessas missões, o jogador rouba informações e uma unidade do StG 44, fuzil alemão que seria utilizado por Mikhail Kalashnikov para desenvolver o popular AK-47.
Visual
Para os padrões gráficos de 2002, “Medal of Honor: Allied Assault” era impecável. Hoje é feio, vazio e rudimentar. A missão do desembarque peca pelas limitações técnicas. O jogador chega a uma praia plana e com uma névoa que não permite enxergar muita coisa. Não era por falta de capricho, mas é o que podia carregar no jogo.
Mesmo assim, o game trazia carga dramática elevada, com soldados feridos, tiros ricocheteando nas barricadas. Elementos que faz o jogador refletir por alguns instantes como deveria ter sido todos os dias entre 1939 e 1945. Toda tensão do jogo, me custou duas madrugadas para finalizá-lo numa maratona intensa, que dias depois se repetiu com as expansões.
Quem tiver interesse em jogar “Medal of Honor: Allied Assault” pode encontrar o game por R$ 60 na Origin, a loja de games da Electronic Arts. É uma pedida interessante para quem curte games antigos.