Essa é uma pergunta que eu me fiz quando isso tudo começou. Logo quando todas as mídias divulgaram o surgimento do novo Coronavírus, não me envergonho de dizer, eu, por alguns dias, tentei acreditar que fosse mentira, não aceitei que poderia virar uma pandemia e que milhares de pessoas poderiam morrer. Com o passar do tempo e a partir das descobertas de cientistas, me gerou um sentimento de raiva, pois acreditei que as pessoas iriam se cuidar para evitar a proliferação desse vírus, invisível, mas potente para paralisar uma vida. Depois, veio um sentimento de que alguma coisa controlável poderia estar por trás dessa situação e alguma solução poderia existir, mas não, e isso me gerou um sofrimento muito intenso, assim como para a maioria das pessoas com as quais convivo e aos meus pacientes, inclusive.
Talvez você se identifique, eu me senti tão triste, tão insegura com esse momento e a cada noticiário de mortes, meu coração se entristecia mais e mais. E fui percebendo que não era como eu imaginava, no início, e sim, virou uma pandemia, assolou o nosso mundo inteiro, e todos estamos sujeitos a ter essa péssima aquisição e não depende só de mim e dos meus cuidados, mas de, absoluta e absurdamente todos. E quer saber o que eu descobri? Eu vivi um LUTO antecipado, estamos vivendo um luto coletivo, isso mesmo, sabe quando perdemos alguém, nós passamos por esse processo, negação, raiva, barganha, depressão e aceitação, e isso tem acontecido. E é disso que eu quero falar mais.
As vezes tenho a impressão de é um filme e vai passar logo. E não necessariamente perdemos uma pessoa próxima, mas isso não importa, pois ela era muito querida e amada por alguém que sofre por essa perda. E hoje, nós sofremos por tudo isso, por essas pessoas, pelos empregos perdidos, pelo medo e insegurança que nos apavoram o tempo todo, pelo preço das coisas que estão absurdamente mais caros e por um mal, um monstro que não vemos, mas sabemos que ele existe e o pior, que para a sua não proliferamos, precisamos ficar longe, fisicamente, das pessoas. E o abraço que nos acalenta, que cura a alma, o aperto de mão que te faz mais seguro? Não sabemos quando teremos isso novamente, mas podemos acreditar que vai passar!
Temos nos cuidado, temos pessoas que lindamente estão na linha de frente dessa batalha fazendo muito por nós e pelos nossos, e me sinto grata por isso e todo esse mal vai embora, vou me sentindo amparada em meio ao caos e quero que se sinta abraçado, pois isso vai passar e todo processo tem suas dores, então entendo como um desafio de melhora, de crescimento e evolução. O mundo mudou e mudou muito, não temos controle sobre o que está acontecendo, mas podemos ter compaixão e empatia pelos outros, por nós mesmo e fazer o que podemos, um dia de cada vez. É olhar para dentro de nós mesmos e promovermos o autoconhecimento, é hora de CONEXÃO, isso mesmo, nos conectar com o lado de dentro, não digo só alma e coração, mas também de forma física, dentro da nossa própria casa, onde é o nosso lar. Esse é o meu desejo para você, empatia, conexão e permita-se sentir o luto e siga em frente. Sinta-se, verdadeiramente, abraçado, e se precisar de mim, conte comigo, estamos juntos, e isso tudo vai passar!
Isis Costa – Psicóloga
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