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‘Quase tivemos outro sargento Dias’, diz PM sobre morte de irmãos em cavalgada

Por Dentro De Tudo:

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Após a morte de dois irmãos de 27 e 29 anos durante uma briga generalizada em uma cavalgada na zona rural de Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte, a Polícia Militar (PM) defendeu, na noite desta segunda-feira (11 de março), a atuação dos militares envolvidos na ação. Segundo a corporação, o soldado, responsável pelos dois disparos, só atirou após um dos suspeitos cortar, com um canivete, o pescoço do colega dele, um sargento. 

“Não estamos lamentando a morte de sargento por pouco. Em questão de segundos, nosso militar poderia ter morrido, como aconteceu com o sargento Dias”, disse o tenente-coronel Flávio Santiago, porta-voz da PM, relembrando a morte do sargento Roger Dias, em janeiro deste ano, baleado por um suspeito em saída temporária durante uma perseguição policial no bairro Novo Aarão Reis, na região Norte da capital. 

“Em uma avaliação grosseira [sem comprovação técnica], a gente vê que o canivete está cego. Essa talvez tenha sido a sorte do sargento”, prosseguiu o tenente-coronel. Para corroborar essa versão, questionada por algumas testemunhas e parte da comunidade, a PM divulgou uma imagem do corte feito no pescoço do sargento.

Segundo a PM, um dos irmãos partiu para cima do sargento, no momento em que o policial tentava separar uma briga. Enquanto tentava neutralizar esse primeiro homem, o sargento foi atingido no pescoço com o canivete pelo segundo irmão. Diante da agressão, conforme a PM, o soldado atirou. Segundos depois, ainda segundo a corporação, o primeiro irmão, que se envolveu inicialmente na confusão, teria tentado pegar a arma do sargento ferido. Nesse momento, o soldado atirou pela segunda vez. 

O tenente-coronel Flávio Santiago também negou que os militares tenham sido negligentes ao prestar socorro aos baleados, levando-os na parte de trás da viatura. “Toda situação em que há disparo, seja por terceiros ou ação justa da corporação, o protocolo é conduzir para proteger. Nesse momento, os policiais foram apedrejados e tiveram os pneus cortados. Eles acabaram com uma roda do carro porque rodaram praticamente sem borracha para chegarem ao hospital”, completa Flávio Santiago.

Ato com ônibus queimado 

Um ônibus foi incendiado na tarde desta segunda-feira (11) na LGM-060, em Esmeraldas. A suspeita é de que o ato seja uma manifestação pela morte dos dois irmãos baleados pela PM na cavalgada. Contudo, a PM não confirma essa informação. Ainda segundo a corporação, dois homens foram presos por atearem fogo no veículo, sendo que um deles foi baleado, após uma perseguição policial. 

O baleado, que não teve a identidade divulgada, foi baleado na perna e no braço. Ele foi socorrido para o Hospital Regional de Betim, sob escolta policial, e não corre risco de morte. O segundo ocupante da moto, um homem de 29 anos, foi preso, sem ferimentos.

“Ele tem passagens por tráfico e associação ao tráfico”, informou o tenente-coronel. “Há testemunhas que atestam a participação deles na queima dos ônibus. Mas o processo investigatório é quem vai dizer a relação deles com o incêndio e com o primeiro fato” — a ação policial desse domingo (10), com os dois baleados em São José.

População indignada

A população do vilarejo São José, em Esmeraldas, na região metropolitana de Belo Horizonte, está revoltada após a morte de dois irmãos na ação policial. A PM foi acionada durante cavalgada do padroeiro da cidade para uma ocorrência de briga. Dois militares foram encaminhados para o hospital 25 de Maio.

A corporação alega que os irmãos estariam envolvidos na confusão e, após a intervenção policial, teriam golpeado os militares com canivete e, ainda, tentado pegar a arma de um policial. Entretanto, moradores da região contestam a versão, dizendo que, na verdade, os irmãos também tentavam apartar a confusão. 

Em uma rede social, um pedido de Justiça tem ecoado entre a população. “A comunidade de São José de Esmeraldas lamenta a perda trágica e injusta de dois jovens, vítimas de uma ação policial que deveria garantir a segurança, mas resultou em um desfecho devastador. O ato, marcado pela violência extrema e pelo completo desrespeito à vida humana deixou a comunidade em luto e indignação. A imagem chocante de jovens tratados como animais, jogados dentro de uma viatura como se fossem mercadorias, é um retrato doloroso da barbárie que assola nossa sociedade”, diz o texto. A comunidade pediu Justiça para que casos assim não se repitam.

Procurada, a Polícia Militar informou que precisou intervir em um princípio de tumulto envolvendo participantes do evento, sendo um dos militares atingido com um golpe na região do pescoço por um indivíduo.

“Diante a agressão, houve a necessidade de uso de técnicas de imobilização e de força, momento no qual outros transeuntes ali presentes investiram com violência contra os militares, levando-os ao solo, tentando retirar a arma da cintura de um dos militares. Em virtude das agressões e dos riscos decorrentes da possível subtração da arma de fogo e para resguardar a vida dos policiais militares e demais cidadãos ali presentes, para repelir a injusta agressão foi necessário o uso de força progressiva. Dois autores foram alvejados e, imediatamente, socorridos ao hospital de Esmeraldas, onde foram a óbito. A PMMG informa, ainda, que todas as medidas de Polícia Judiciária Militar foram adotadas e que a instituição acompanha o caso”, diz a nota.

A corporação, entretanto, não explicou qual foi a atitude dos irmãos.

Fonte: O TEMPO.

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