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Quatro quarteirões, comércio intenso e espaço onde trabalham mais de 4 mil prostitutas: conheça a Rua Guaicurus

Por Dentro De Tudo:

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As ruas que compõem o famoso baixo centro de Belo Horizonte somam histórias importantes para a construção da cidade, que completou 126 anos há pouco mais de quatro meses. Uma em especial: a Guaicurus. 

Os quatro quarteirões da via – criada pelo projeto da nova capital de Minas Gerais – recebeu o nome do povo indígena que vivia na região do Rio Paraguai e era conhecido pela habilidade com os cavalos.

A rua se tornou famosa em todo país graças à prostituta Hilda Furacão que, segundo o escritor Roberto Drumond que a imortalizou, trabalhava na região. Hoje, mais de quatro mil garotas de programa atuam nos 25 hotéis da região, segundo a Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig). (leia mais abaixo)

A vocação de zona boêmia da região vem desde a criação da cidade. No início do século XX, a Guaicurus era conhecida por ser uma região industrial. Pela manhã, os operários lotavam as fábricas e a estação ferroviária ficava movimentada. À noite, era a vez dos cabarés.

Segundo a professora e pesquisadora Luciana de Andrade, coautora do artigo “A territorialidade da prostituição em Belo Horizonte”, é difícil estabelecer uma data exata em que a Guaicurus ficou conhecida pela prostituição. 

A falta de dados sobre o tema também está ligada à invisibilidade das trabalhadoras sexuais. 

“A prostituição era tolerada, mas condenada. A polícia tentava evitar que as trabalhadoras saíssem para as ruas, então elas ficavam só nos cabarés. Não tem registro da chegada delas”, disse. 

Luciana ainda relembra uma frase histórica do escritor José Nava: 

“Neste bairro, pertinho da estação do trem de ferro, instalaram-se as mulheres de isca. Não haviam sido convocadas por Aarão Reis, mas se instalaram”.

A pesquisadora professora de Ciências Sociais da pós-graduação PUC Minas, Juliana Gonzaga Jayme, disse que a zona boêmia existe desde o começo do século XX, e uma das suas características mais fortes é estar próxima às rodoviárias e estações ferroviárias. Esse atributo ocorre não somente em Belo Horizonte, mas em outras capitais do país.

Segundo ela, o termo “zona” sempre foi usado para divisão de regionais, mas em locais que abrigam bordéis e casas de encontro, a palavra tomou um sentido pejorativo e passou a fazer alusão à desordem. 

“O trabalho sexual ainda é muito estigmatizado. A Rua Guaicurus tem uma questão afetiva com a cidade, mas não deixa de ser estigmatizado. Por exemplo, a juventude da camada média não vai lá tomar uma cerveja, né? Ainda tem um estigma sim, mas a Rua está no imaginário de Belo Horizonte”, disse Juliana.

Fonte: Globo Minas –  Foto: Jô Andrade/g1 Minas

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