Uma tendência preocupante vem sendo observada entre os jovens da geração Z: o uso de camisinha está em queda. Pesquisas recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da empresa sueca LELO, especializada em bem-estar sexual, mostram que cada vez menos adolescentes e adultos jovens estão utilizando o preservativo — o método mais eficaz e acessível para prevenir infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e evitar gestações indesejadas.
Segundo o levantamento da LELO, que ouviu 6 mil pessoas de diferentes faixas etárias, apenas 30% afirmam usar camisinha em todas as relações, enquanto 17% usam na maioria das vezes. Por outro lado, 8% dos entrevistados disseram nunca utilizar o método. Quase 40% afirmaram não ter alterado seus hábitos e 15% relataram aumento no uso.
Entre os motivos apontados para o abandono do preservativo estão a busca por maior prazer, a percepção de que “interrompe o clima” e desinformações sobre conforto e eficácia. Muitos jovens acreditam que a camisinha reduz a sensibilidade ou causa desconforto, mas especialistas reforçam que há modelos ultrafinos, anatômicos e de diferentes materiais, inclusive para quem tem alergia ao látex.
Risco crescente de ISTs
A infectologista Camila Ahrens, do Hospital São Marcelino Champagnat, alerta que o abandono do preservativo tem reflexos diretos na saúde pública.
“Temos visto um aumento preocupante de infecções sexualmente transmissíveis, principalmente entre os mais jovens. Muitos acreditam que o risco é baixo, mas não é. A camisinha é uma forma de autocuidado e respeito consigo e com o outro”, afirmou.
A médica ressalta que a educação sexual aberta, tanto nas escolas quanto em casa, é essencial para combater tabus e reforçar a importância do uso do preservativo.
Desinformação e comportamento
Entre as justificativas mais comuns para não usar camisinha, jovens mencionam frases como: “estraga o clima”, “não sinto nada” ou “faz a ereção desaparecer”. A médica explica que esses argumentos refletem falta de informação e mitos persistentes sobre o tema.
“O preservativo não é uma barreira para o prazer, é uma demonstração de cuidado. Hoje existem produtos adaptados a todos os perfis, e é possível incluir o uso da camisinha de forma natural na relação sexual”, reforçou Ahrens.
Com a queda no uso do método, especialistas pedem campanhas públicas mais consistentes de conscientização e alertam: o relaxamento nos cuidados pode levar à reascensão de doenças como HIV, sífilis e HPV, que haviam diminuído em anos anteriores.
Fonte: Coluna Pouca Vergonha — Metrópoles
Reportagem: Helena Mandarino
Imagens: Getty Images