Uma pesquisa recente publicada na revista científica “PLOS One” indica que pessoas com hábitos noturnos são mais suscetíveis a desenvolver vícios em redes sociais, com várias consequências negativas. O estudo, conduzido por pesquisadores da Universidade de Portsmouth e da Universidade de Surrey, ambas localizadas no Reino Unido, investiga a relação entre notívagos e o uso problemático da tecnologia. A análise destacou que solidão e ansiedade são fatores mediadores significativos nessa conexão.
Anna-Stiina Wallinheimo, pesquisadora da Escola de Psicologia, Esporte e Ciências da Saúde da Universidade de Portsmouth, explica que a pesquisa revela um ciclo vicioso. Jovens adultos que naturalmente são mais ativos à noite tendem a se sentir socialmente desconectados, o que pode levar a sentimentos de solidão e ansiedade. Em busca de alívio, muitos recorrem a smartphones e redes sociais. Wallinheimo observa que, embora essas plataformas possam parecer uma forma de escapar da solidão, geralmente acabam agravando o problema.
Historicamente, estudos anteriores já indicavam que pessoas noturnas eram mais vulneráveis ao uso problemático da tecnologia, mas os motivos por trás dessa associação eram pouco compreendidos. “Esses jovens não utilizam tecnologia apenas porque ela está acessível. Eles a utilizam para tentar aliviar o desconforto emocional”, acrescenta a pesquisadora.
Para o estudo, foram entrevistados 407 jovens adultos com idades entre 18 e 25 anos, utilizando instrumentos psicológicos validados para avaliar como a preferência circadiana se relaciona com a dependência de redes sociais. O uso problemático de celulares habitualmente gera sintomas como ansiedade ao afastar-se do aparelho, negligência de responsabilidades em favor do uso do celular e verificação compulsiva de notificações. Quando o vício se concentra nas redes sociais, o uso excessivo e descontrolado pode interferir nas rotinas diárias.
Wallinheimo adverte que jovens notívagos parecem mais aptos a desenvolver esse tipo de dependência, utilizando smartphones como estratégia para enfrentar questões de saúde mental. Em meio ao aumento dos níveis de depressão, ansiedade e isolamento entre jovens, os pesquisadores ressaltam a importância do acompanhamento psicológico, considerando que esse grupo apresenta risco elevado.
Simon Evans, pesquisador da Escola de Psicologia da Universidade de Surrey e um dos autores do estudo, enfatiza a necessidade de desenvolver estratégias para enfrentar essa situação. “Não basta apenas dizer aos jovens para reduzirem o tempo no celular; precisamos compreender as razões por trás desse uso. Isso implica oferecer estratégias eficazes para lidar com solidão e ansiedade, especialmente à noite”, defende.
Os pesquisadores também sugerem a criação de centros de apoio voltados para jovens adultos, que frequentemente não percebem como as alterações nos padrões de sono e as dificuldades emocionais podem acentuar o vício nas redes sociais. “Se conseguirmos mostrar aos jovens que o celular e as redes sociais não são a solução para a solidão ou a ansiedade, mas, sim, parte do problema, talvez possamos começar a transformar essa realidade”, conclui Wallinheimo.
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Fonte: G1


















