sexta-feira, 26 de abril de 2024

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Recuperados da Covid-19 travam luta silenciosa para tratar sequelas

Por Dentro De Tudo:

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Para pacientes com quadros graves de Covid-19, sobreviver ao vírus pode ser apenas o começo de um lento e longo processo de recuperação. Além de possíveis sequelas provocadas pela doença, a permanência em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e, em casos severos, a dependência da ventilação mecânica podem fazer com que muitas pessoas necessitem de especialistas para reaprender a andar, respirar e até mesmo voltar a se alimentar. Para especialistas, é preciso que o poder público invista na reabilitação dos pacientes da Covid-19 após a alta hospitalar.

Na última semana, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) anunciou que Minas Gerais ultrapassou a marca 200 mil recuperados da doença, mas a pasta não tem dados de quantos precisam de reabilitação. Especialistas do Reino Unido calculam que 45% dos pacientes hospitalizados por Covid-19 demandem assistência médica e social após a alta, e 4% necessitem de reabilitação em ambiente de leito – em Minas, desde o início da pandemia, mais de 24 mil pessoas ficaram internadas na rede pública ou privada.

“O hospital salva vidas, mas agora precisamos devolver a vida a esses pacientes. É claro que a maior parte dos casos é mais leve, mas há um grande número de pessoas que vai precisar de um tempo para recuperar todo o status de antes da Covid. Pode levar uns três, até seis meses para a recuperação completa”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (ABMFR), Eduardo de Melo Carvalho Rocha.

Segundo ele, os pacientes têm demandado o trabalho de uma equipe multidisciplinar. “Vejo agora um grande esforço para termos mais leitos para reabilitação e processos de recuperação”, diz. “O Brasil, principalmente o Sistema Único de Saúde (SUS), é muito heterogêneo. Em cidades menores, há mais dificuldade”, completa.

Quanto mais prolongada a internação, maiores são os riscos de infecções hospitalares e complicações. De acordo com o coordenador de UTI do Hospital Lifecenter, o infectologista e intensivista Guilherme Lima, os pacientes que precisam de ventilação mecânica sofrem muito os efeitos da terapia intensiva, porque, em alguns casos, precisam ficar sedados com medicações em doses altas e paralisados por um longo período. 

“Os pacientes perdem muita massa muscular, ficam desnutridos, muitos saem da UTI bem fragilizados no que diz respeito à força do corpo”, pontua. Segundo ele, estudos apontam que, para cada dia que uma pessoa passa sedada na UTI, são necessários três dias de recuperação.

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