Palco e plateia de grandes shows, exposições agropecuárias, solenidades e outras realizações, a Fazenda Boa Esperança, em Santa Luzia, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), entra em nova etapa da sua história. Construído no início do século 20, com as marcas da arquitetura do século 19, o casarão vai sediar o Museu da Cozinha Mineira, cuja pedra fundamental será lançada nesta sexta-feira (25). A expectativa é de que a inauguração ocorra no primeiro semestre de 2024, para valorizar a cozinha mineira como patrimônio cultural imaterial.
A Prefeitura de Santa Luzia cedeu o local e vai restaurar a edificação, enquanto o Instituto Periférico, contratado por chamamento público, se encarregará da concepção do novo equipamento cultural. Documento divulgado pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Santa Luzia informa que o novo museu deverá contribuir, por meio de conservação, pesquisa, formações, ações educativas e outras atividades, para o fortalecimento da cozinha mineira, “gerindo e promovendo experiências significativas, multissensoriais, tecnológicas e reflexivas sobre suas histórias, patrimônios, saberes e sabores”.
O espaço expositivo do Museu da Cozinha Mineira deverá ser composto por acervo relacionado ao tema, além de apresentar recursos tecnológicos e acessíveis que incentivem a interação dos visitantes com a sede da fazenda. A expectativa é que seja um lugar de encontro para apresentar, aos brasileiros e estrangeiros, tudo que a cozinha representa para Minas.
RESTAURAÇÃO
O primeiro passo concretização do projeto está nas obras de restauro do casarão principal, além do desenvolvimento do plano de recuperação e plano diretor para ocupação das demais áreas da Fazenda Boa Esperança. A Prefeitura de Santa Luzia adianta que o processo de restauro já começou e inclui uma equipe de arquitetura especializada. A previsão das obras é de nove meses, já sendo realizadas prospecções e desenvolvidos os projetos correspondentes para as primeiras etapas da restauração.
Paralelamente às intervenções na casa, estão em produção os planos museológico e expográfico, além de um inventário do acervo e a proposta para as primeiras exposições e atividades. Entre outras ações a curto prazo (até dois anos), encontram-se a elaboração e implementação de plano de sustentabilidade; lançamento de pelo menos um edital de ocupação de espaços para empreendimentos como cafés, restaurantes ou lojas; aprovação de também pelo menos um projeto próprio para captação de recursos via incentivo fiscal e desenvolvimento e implementação de plano de parcerias junto a empreendedores locais, setor gastronômico mineiro e turístico. Também está prevista a instalação de uma escola de gastronomia social no local.
A secretária de Cultura e Turismo de Santa Luzia, Joana Coelho, destaca a relevância de o município ser escolhido para sediar o museu, fruto da articulação entre prefeitura, o Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha) e o governo de Minas Gerais. “Lançar a pedra fundamental é o primeiro passo da realização de um sonho. E transformar essa fazenda, tão importante para a memória afetiva dos luzienses em realidade de uso, representa é mais uma etapa do trabalho para tornar Santa Luzia referência de cultura e turismo na RMBH”.
Já a diretora-presidente do Instituto Periférico, Gabriela Santoro, ressalta que o Museu da Cozinha Mineira chega para materializar conhecimentos e acervos referentes às tradições, modos de fazer, culturas alimentares, personas, lugares e festas que compõem a diversidade e complexidade da cozinha mineira. “Realizá-lo em Santa Luzia significa reconhecer a importância histórica deste e de tantos outros municípios mineiros que foram constituídos a partir das rotas de tropeiros e que, hoje, preservam importantes conjuntos patrimoniais materiais e imateriais.”
PATRIMÔNIO RICO
Segundo a especialista educacional do Senac e pesquisadora em gastronomia, Vani Pedrosa, que apresentará durante o evento a pesquisa “Primórdios da Cozinha Mineira em Santa Luzia”, a escolha do município para sediar o novo equipamento cultural dará aos mineiros a possibilidade de agrupar memórias distintas da cidade e de outros lugares do estado, memórias e saberes trazidos pelos caminhos que chegavam a Santa Luzia.
“Mais do que um lugar para o encontro da memória alimentar de Minas, o museu mostrará como ela se formou e se desenvolveu, seu lugar na economia e na vida cotidiana dos mineiros”, afirmou Vani.
(foto: Tatiana Rocha/Secult/Divulgação)