Um sargento reformado da Polícia Militar (PM) foi preso, em Belo Horizonte, por suspeita de matar a ex-companheira, no bairro Mariano de Abreu, na Região Leste de Belo Horizonte. De acordo com as investigações, a vítima sofreu agressões psicológicas e físicas por mais de 30 anos.
Sueli Pascoal, de 50 anos, foi assassinada dentro de casa, no dia 8 de outubro. Segundo a Polícia Civil, o suspeito, que não teve o nome divulgado, descarregou o revólver calibre 38 e todos os disparos atingiram o rosto da vítima.
“Demonstra o menosprezo e a discriminação pela vida da mulher, que, em tese, ele fala que é posse dele. Essa é uma característica dos feminicidas, dos agressores. Atingir justamente as partes femininas: o rosto, seios e outras partes que demonstram a feminilidade”, disse a delegada Ingrid Estevam.
Histórico de agressões
As investigações apontam que a vida de Sueli foi marcada pela violência doméstica. De acordo com a delegada, seis meses antes do crime, ela havia decidido se separar do policial reformado e, por isso, os casos de agressões e ameaças se intensificaram.
“A vítima sofreu violência doméstica por 32 anos. Dentre o histórico de violência, abusos psicológicos, agressões, inclusive quando ela ainda estava gravida de um dos filhos, cadeiradas nas costas que deixaram marcas até os dias atuais, maxilar quebrado, cabelos arrancados”, enumerou.
Durante as investigações, a polícia encontrou fotografias que a vítima guardava para documentar as agressões. O chumaço de cabelo arrancado em um dos episódios também foi localizado pela polícia.
Medidas protetivas
De acordo com a delegada, em junho deste ano, Sueli já tinha sido vítima de uma tentativa de homicídio. Depois disso ela procurou a delegacia e conseguiu uma medida protetiva contra o militar.
Entretanto, diante de diversas ameaças, em setembro, ela procurou novamente a polícia. Dessa vez, a solicitação era para que medida protetiva fosse suspensa.
Mas as agressões se seguiram e, dia 7 de outubro, ele voltou à delegacia e pediu proteção novamente. Mas não houve tempo hábil. No dia seguinte, ela foi brutalmente assassinada.
Prisão
Segundo a polícia, o suspeito saiu de casa cerca de três meses antes do crime e passou a morar na casa de uma irmã, que também fica no bairro Mariano de Abreu. Foi neste imóvel que ele foi detido na última sexta-feira (5). A prisão foi acompanhada pela corregedoria da Polícia Militar.
Segundo a delegada, o suspeito diz que agiu em legítima. Ele afirmou aos investigadores que foi até o imóvel para pedir que a mulher saísse de casa e ela teria partido para cima dele. A polícia, entretanto, não acredita nessa versão.
Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que ele entra no imóvel. Após o crime, os registros mostram o homem saindo do local com arma ainda em punho. De acordo com a delegada, o sargento ainda teria feito ameaça a vizinhos.