Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) revelou que 46% dos homens com mais de 40 anos só buscam atendimento médico quando apresentam algum sintoma. Esse percentual aumenta para 58% entre aqueles que utilizam exclusivamente o Sistema Único de Saúde (SUS). O estudo também identificou que o câncer de próstata é a condição urológica que mais gera temor entre os homens, com 58% das respostas, seguido pela impotência sexual, mencionada por 37% dos entrevistados.
A pesquisa mostrou que apenas 32% dos homens acima de 40 anos se consideram muito preocupados com a própria saúde, embora metade deles sinta medo ou ansiedade ao refletir sobre esse tema. Os problemas de saúde mais frequentemente relatados incluem sedentarismo (26%), pressão alta (24%) e obesidade (12%). Vale ressaltar que 35% dos participantes afirmaram não ter nenhum problema de saúde. Entre os homens com mais de 60 anos, a pressão alta foi o problema mais citado (40%), enquanto o sedentarismo teve a menor taxa de menção (18%). Este grupo demonstrou maior cuidado com a saúde, com 78% afirmando realizar exames a cada seis meses ou anualmente.
No grupo de homens entre 40 e 44 anos, a maior proporção (49%) revelou que só vai ao médico quando sente algo. O exame de toque retal ainda gera receio em um em cada sete homens, sendo esse medo mais prevalente entre os homens com mais de 60 anos e aqueles da região Centro-Oeste. Esta região também apresentou a maior concentração de homens temerosos em relação ao câncer (64%) e à disfunção erétil (43%).
O estudo, conduzido pelo Instituto de Pesquisa IDEIA Laboratório Adium, contou com a participação de 1.500 homens acima de 40 anos de todas as regiões do Brasil, por meio de um aplicativo móvel, entre os dias 7 e 12 de setembro de 2023. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que os homens vivem, em média, sete anos a menos que as mulheres, o que, segundo a SBU, se deve à falta de educação em prevenção de saúde entre os homens.
Os médicos ressaltam que o principal desafio é desmistificar a ideia de que os homens devem se preocupar apenas com o câncer de próstata. Doenças cardiovasculares, pulmonares e gastrointestinais também são comuns e frequentemente resultam de um estilo de vida sedentário, além do consumo de tabaco e álcool, conforme destacado pela SBU.
A hiperplasia benigna da próstata (HBP) é a condição mais prevalente entre os problemas prostáticos, mas apenas 43% dos homens conhecem essa doença. A maioria está ciente do câncer (75%) e da prostatite (59%). O desconhecimento sobre a HBP é maior entre os homens mais jovens, de 40 a 44 anos (39%), e entre os moradores da região Norte (33%). A HBP ocorre quando a próstata, glândula localizada abaixo da bexiga, aumenta de tamanho devido ao crescimento celular excessivo, sendo mais comum em homens acima de 50 anos, conforme explica o vice-presidente da SBU, Dr. Roni Fernandes.
Estima-se que cerca de 50% dos homens acima de 50 anos apresentarão algum grau de HBP, cujos sintomas incluem aumento da frequência urinária durante o dia, diminuição da força e calibre do jato urinário, dificuldade para iniciar a micção e sensação de urgência para urinar. É importante destacar que a HBP pode afetar o funcionamento da bexiga e dos rins.
Dr. Fernandes explica que esses sintomas ocorrem porque o aumento da próstata pode comprimir a uretra, levando a uma obstrução parcial do fluxo urinário. Se não tratada, a HBP pode resultar em retenção urinária, infecções e lesões no trato urinário, incluindo nos rins.
Em entrevista ao programa Bem-Estar, a médica de família Brenda Costa, da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, comentou sobre a dificuldade dos homens em buscar ajuda médica. Segundo ela, existe um tabu social que leva os homens a acreditarem que buscar atendimento é sinal de fraqueza. Essa falta de ações preventivas contribui para a alta taxa de mortalidade precoce entre os homens. Costa enfatiza a importância de discutir abertamente sobre saúde e sentimentos.
Fonte: g1.globo.com
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