Outubro é o mês das crianças — um período marcado por cores, brincadeiras e celebrações. No entanto, por trás do universo lúdico e alegre da infância, há questões que merecem atenção: a saúde mental infantil. Em meio à rotina acelerada e ao excesso de estímulos, muitas crianças têm apresentado comportamentos que indicam sofrimento emocional e psicológico, muitas vezes confundidos com “birra” ou “frescura”.
De acordo com a psicanalista e neuropsicóloga Andrea Ladislau, a saúde mental das crianças deve ser tratada com a mesma seriedade que a dos adultos. “Elas também sofrem com transtornos e neuroses em diferentes etapas da infância. Alguns casos são leves, outros mais severos, e a maior incidência ocorre entre os 2 e 12 anos de idade”, explica.
Entre os principais sinais de alerta estão: ansiedade, medo excessivo, choro sem explicação, irritabilidade, agressividade fora do comum, distúrbios do sono, perda de apetite, dificuldades para se concentrar, além da enurese noturna (xixi na cama) frequente. Esses sintomas, segundo Andrea, indicam que algo está em desequilíbrio e precisa de atenção.
Um dos transtornos mais recorrentes é o Transtorno de Ansiedade Infantil, caracterizado por medo e preocupação exagerados. “Nas crianças, essas manifestações podem surgir como parte do processo natural de crescimento e aprendizado. O esperado é que, com o passar do tempo e o amadurecimento emocional, esses medos desapareçam. Mas quando persistem, é hora de buscar ajuda”, destaca a especialista.
Andrea reforça que o primeiro passo é o envolvimento da família. “Nem todo transtorno requer medicação ou internação. Em muitos casos, o tratamento envolve apenas suporte emocional e uma conduta adequada dos pais, cuidadores e educadores”, orienta.
A psicanalista ressalta a importância do diálogo, do afeto e da escuta ativa. “É fundamental acolher e entender a criança, sem repreender ou ignorar o que ela sente. Gerenciar emoções não é reprimi-las. Empatia, acolhimento e escuta são os três pilares essenciais para o equilíbrio emocional na infância.”
Ela alerta ainda para o impacto da rotina agitada e do uso excessivo da tecnologia no comportamento infantil. “Precisamos refletir sobre o quanto as crianças estão adoecendo emocionalmente diante de tantas cobranças e estímulos. Quando uma criança adoece emocionalmente, toda a família é afetada.”
O recado final da especialista é claro: observar, dialogar e agir com amor. Identificar cedo os sinais e procurar acompanhamento psicológico podem fazer toda a diferença para que a infância volte a ser uma fase leve, criativa e feliz.
📸 Foto: Divulgação / Arquivo pessoal
📰 Fonte: Psicanalista e neuropsicóloga Andrea Ladislau