Romilda Barbosa de Souza Dias, 65, cozinheira; Walmira Santos Souza, 61, designer de interiores e paisagista; Adriana Pereira da Silva, 42, serviços gerais; Guilherme Henrique Ferreira de Oliveira, 29, auxiliar de serviços gerais; Daniel Pereira Braga, 24, atendente.
Moradores de Belo Horizonte e Contagem, com idades e profissões diferentes, mas que fazem parte do grupo de 14,8 milhões de brasileiros que estão desempregados, segundo dados do IBGE.
Na avenida Francisco Sales, região Centro-Sul de BH, Adriana vende balas a R$ 2. Há mais de um ano, ela, que é mãe solo de quatro filhas, perdeu o emprego. Moradora do bairro Ribeiro de Abreu, na região Norte, ela sai de casa por volta das 7h30, com a filha de 16 anos.
“Não tem emprego, o único jeito que arrumei foi vender bala”, diz ela. Por dia, ela tira cerca de R$ 70, mas, com as despesas com transporte, alimentação e mercadoria, consegue levar para casa R$ 30. Nas últimas semanas, as vendas só deram para pagar a passagem e o almoço. “Espero que as coisas melhorem, que os nossos governantes parem de brigar por coisas supérfluas e olhem mais para quem está passando necessidade”, desabafa.
Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, entre janeiro de 2020 e maio de 2021, foram registradas 528.785 admissões e 518.763 demissões em Belo Horizonte.
Pelas ruas do hipercentro, Guilherme oferece máscaras: uma por R$ 5 e três por R$ 10. Morador do bairro Engenho Nogueira, na Pampulha, ele sai de casa às 6h e termina por volta das 14h. Dependendo do dia, consegue tirar R$ 150.
“Há cinco anos perdi o emprego de carteira assinada. Com a pandemia, as dificuldades aumentaram. Vendo máscaras para levar um pouco para casa, minha mãe tem quatro filhos. Espero mais para a frente conseguir um serviço bom”, afirma Guilherme.
Na porta da estação Eldorado, em Contagem, dona Romilda chega às 4h e só volta para casa às 21h. Desempregada há oito anos, ela é a responsável por levar o sustento para casa, onde mora com o companheiro e seis netos.
“Minha barraca tem máscara, meia, cueca, balas e amendoim. É muito triste para gente viver nessa situação. Não paro nenhum dia de trabalhar, domingo chego aqui às 3h35. Não sei falar, não sei ler, mas espero que as pessoas que estão lá em cima tomem conta da gente”, diz ela.
Segundo a prefeitura, Contagem teve 29.526 demissões e 33.479 admissões de janeiro a abril.