Diante da suspensão do empréstimo de R$ 20 bilhões, os Correios aprofundam uma crise marcada por dificuldades financeiras e falta de modernização. A estatal desistiu da operação após as instituições financeiras oferecerem juros acima do limite aceito pelo Tesouro Nacional. O rombo acumulado entre janeiro e setembro deste ano já ultrapassa R$ 6 bilhões, o que levou o Ministério da Fazenda a demonstrar preocupação com o impacto sobre as contas públicas.
Mesmo com expectativa de melhora nas vendas de fim de ano, a empresa prevê encerrar 2025 novamente no negativo. Para se manter em funcionamento e custear o plano de reestruturação — que inclui cortes, revisão de benefícios e reorganização de dívidas —, seriam necessários R$ 10 bilhões em 2025 e mais R$ 10 bilhões em 2026. A suspensão do crédito levou o Ministério Público junto ao TCU a solicitar fiscalização detalhada da tentativa de contratação.
Especialistas afirmam que a crise se deve, sobretudo, à perda de espaço no mercado de encomendas e ao modelo de negócios considerado obsoleto. Enquanto gigantes do e-commerce investiram em logística própria, os Correios não acompanharam a velocidade das mudanças digitais e ficaram presos a um formato ainda baseado em correspondências tradicionais. O cenário, segundo analistas, coloca em risco a sustentabilidade da estatal, independentemente de novos aportes financeiros.
A privatização é vista por alguns como possibilidade limitada, já que o tamanho da empresa e os prejuízos acumulados podem afastar potenciais compradores. O governo federal, contudo, afirma que a venda da estatal não está em discussão no momento. O Tesouro Nacional só deverá apoiar futuras operações de crédito caso os Correios apresentem um plano de reestruturação considerado consistente.
Foto: Kelsen Fernandes / Fotos Públicas
Texto original: O TEMPO
















