Sem verba, governo vai atrasar livros escolares e priorizar só português e matemática em 2026

Por Dentro De Tudo:

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Diante de restrições orçamentárias, o Ministério da Educação (MEC) anunciou que irá adotar um modelo de compra escalonada de livros didáticos para o ano letivo de 2026. A medida irá impactar, sobretudo, os alunos do 1º ao 3º ano do ensino fundamental das escolas públicas, que só receberão novos livros de Língua Portuguesa e Matemática. Estudantes de outras séries da educação básica também devem enfrentar atrasos ou falta de materiais.

Segundo a Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros), o MEC comunicou oficialmente sobre a decisão de realizar a compra parcial dos livros devido à falta de verba. A aquisição e distribuição dos materiais é feita pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), por meio do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD).

Em nota, o FNDE classificou o cenário como “desafiador” e afirmou que a estratégia adotada prioriza as disciplinas de português e matemática. A promessa é de que as compras das demais áreas do conhecimento sejam feitas posteriormente. Ainda de acordo com o órgão, os materiais para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) estão garantidos, e as estratégias para o Ensino Médio serão definidas em seguida.

Entenda como será a distribuição na prática:

  • 1º ao 3º ano do ensino fundamental: somente livros novos de português e matemática.
  • 4º e 5º anos do fundamental: livros novos de português e matemática e reaproveitamento de livros antigos para outras matérias.
  • 6º ao 9º ano do fundamental: reposição parcial de livros de português e matemática; demais disciplinas não terão reposição.
  • 1º ao 3º ano do ensino médio: 60% das escolas devem receber os novos livros conforme o novo currículo no início do ano; os demais 40% só receberão a partir de maio ou junho.

A Abrelivros alerta que o volume de livros adquiridos está aquém das necessidades. Para o ensino fundamental, foram encomendados 26 milhões de exemplares apenas das duas disciplinas priorizadas. Já para o ensino médio, que exige a reformulação dos materiais conforme as diretrizes do Novo Ensino Médio, serão necessários cerca de 80 milhões de livros. O pedido ainda não foi feito, mas deverá ocorrer em duas tiragens, acompanhando o calendário escolar.

O orçamento atual para a compra dos materiais é de R$ 2 bilhões, mas a Abrelivros estima que seriam necessários ao menos R$ 3 bilhões para suprir toda a demanda das redes públicas, incluindo os programas literários e a EJA.

“Já enfrentamos crises orçamentárias antes, mas deixar de comprar livros é algo inédito. Isso nos preocupa, pois esse é o único programa de aquisição de material didático para as escolas públicas”, destacou Ângelo Xavier, presidente da Abrelivros.

📸 Foto: Ricardo Wolffenbüttel / Secom / Divulgação

📎 Fonte: g1 — Reportagem de Emily Santos

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