Uma nova pesquisa revelou que uma em cada dez pessoas no mundo pode ter sensibilidade ao glúten ou ao trigo, mesmo sem diagnóstico de doença celíaca ou alergia alimentar. O estudo, publicado na revista científica Gut nesta terça-feira (28), reuniu dados de 25 pesquisas realizadas entre 2014 e 2024, com quase 50 mil participantes de 16 países.
A condição, conhecida como sensibilidade ao glúten ou trigo não celíaca (NCGWS), é mais comum em mulheres e está associada a sintomas como dores abdominais, fadiga, diarreia, dores de cabeça e até problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão.
Os pesquisadores observaram que o desconforto tende a melhorar quando o glúten e o trigo são retirados da dieta e retorna com a reintrodução desses alimentos, o que reforça a ligação entre o consumo e os sintomas. Apesar disso, ainda não existem exames laboratoriais específicos capazes de diagnosticar a condição.
“É essencial fazer uma avaliação dietética estruturada. Na maioria dos casos, restrições muito rigorosas não são necessárias nem úteis”, explica o pesquisador Mohamed Shiha, da Universidade de Sheffield, no Reino Unido.
Sintomas e relação com a saúde mental
Segundo a pesquisa, os principais sintomas relatados por quem sofre com a sensibilidade incluem distensão abdominal, dor no estômago e cansaço persistente. Outros sinais incluem dores nas articulações, diarreia e enxaquecas.
Além disso, o estudo aponta que pessoas com a condição têm três vezes mais chances de apresentar ansiedade e o dobro de risco de desenvolver depressão em relação à população sem o problema. A descoberta reforça o que os especialistas chamam de “conexão intestino-cérebro”, que relaciona o equilíbrio intestinal ao bem-estar emocional.
Diagnóstico difícil e mudanças alimentares
Como não há marcadores sanguíneos ou exames específicos, o diagnóstico é feito por exclusão, descartando primeiro a doença celíaca e a alergia ao trigo. Outras condições, como colite microscópica e doença inflamatória intestinal, também podem causar sintomas semelhantes e devem ser investigadas.
O levantamento ainda mostra que quatro em cada dez pessoas com sensibilidade relatada adotam dietas sem glúten, muitas vezes sem acompanhamento médico. Segundo Shiha, o ideal é buscar orientação profissional antes de fazer mudanças drásticas na alimentação.
“Reconhecer a sensibilidade ao glúten e ao trigo como um distúrbio de interação entre o intestino e o cérebro é fundamental para tratar corretamente, sem recorrer a dietas restritivas desnecessárias”, ressalta o pesquisador.
O estudo reforça que, embora a condição ainda seja pouco compreendida, a conscientização sobre seus sintomas e causas pode ajudar milhões de pessoas a melhorar a qualidade de vida — sem abrir mão da saúde mental ou da alimentação equilibrada.
Fonte: g1
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