Servidores e terceirizados da Companhia de Abastecimento de Minas Gerais (Copasa) são investigados por fraudar o sistema da empresa e desviar até 65% das ligações de água em Montes Claros, no Norte de Minas. A Operação Waterfall, deflagrada nesta quinta-feira (1º), levou ao desligamento de quatro servidores da Copasa e na determinação de medidas cautelares para outros cinco investigados. Ao todo, 52 pessoas são suspeitas.
Durante a operação, foram realizados 24 mandados de busca e apreensão e 107 ligações irregulares foram identificadas em mais de 50 endereços que foram fiscalizados. De acordo com o delegado Alberto Tenório, responsável pela investigação, o grupo utilizava dos próprios sistemas da empresa para desviar a água. “O grupo criminoso inseria ou modificava dados falsos no sistema da empresa e fraudava ordem de serviços para viabilizar as ligações irregulares. Endereços que não podiam receber a água eram incluídos quebrando as regras contratuais”, explica.
De acordo com Tenório, os desvios se tornaram maioria nas ligações de água da Copasa em Montes Claros. “Durante o contrato em vigência (com a empresa terceirizada), a maioria das ligações eram de serviços ilegais. Em dado momento, mais de 65% das ligações, de todas as ordens de serviços, eram ilegais”, conta.
O delegado afirma que o grupo de servidores e terceirizados seguia um modo de operar específico para garantir os desvios. “É uma organização criminosa extremamente articulada. Tinham tarefas bem definidas para executar serviços ilegais. Algumas regiões ficaram com consumo de água zerado por mais de dois anos, causando prejuízo para a população”, afirma.
O diretor de Relacionamento com o Cliente e Regulação da Copasa, Cleyson Jacomini de Sousa, destacou que o furto de água e as ligações clandestinas trazem prejuízo não só financeiro, mas de abastecimento da população. “Estamos projetados para atender a uma determinada demanda e, normalmente, essas ligações clandestinas têm um hábito de consumo excessivo – o que causa todo um desconforto e um distúrbio na nossa prestação de serviço”, explicou.
De acordo com Sousa, a Copasa atua para combater problemas de desvio de água em Montes Claros principalmente devido ao período de seca que a cidade enfrenta até setembro. “O município volta e meia passa por questões mais complexas de abastecimento de água em função da estiagem, então, precisamos garantir que a água seja melhor utilizada e com menos desperdício”, concluiu.
A operação levou à emissão de 56 ordens de serviço para substituição de hidrômetros que serão enviados para aferição e verificação de eventual fraude. Além disso, durante a ação desta quinta (1º) foram identificadas duas ligações clandestinas de água que abasteciam o total de 5 imóveis (4 residências e um estabelecimento comercial) e uma fraude em hidrômetro.
O delegado Alberto Tenório afirma que os suspeitos serão investigados e responsabilizados pelos crimes de organização criminosa, falsificação de dados, corrupção ativa e passiva e furto.
Fonte: O Tempo.