Os primeiros servidores da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) foram vacinados contra a COVID-19 na madrugada de 19 de janeiro, pouco depois que o primeiro lote de imunizantes chegou a Minas. Na ocasião, 30 doses foram aplicadas em funcionários da rede de frios (onde as vacinas são armazenadas), a fim de evitar desperdício.
A caixa com 35 unidades do material, afinal, foi aberta para o ato simbólico conduzido pelo governador Romeu Zema naquela noite. No evento, realizado no Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, cinco profissionais de saúde receberam a injeção. As outras 30 doses da caixa foram distribuídas entre o pessoal da rede de frios. Do contrário, teriam que ser descartadas, pois sofreram variação de temperatura.
A revelação é da diretora de Vigilância de Agravos Transmissíveis da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, Janaína Fonseca Almeida.
Ela prestou depoimento na terça-feira (4/5) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), instaurada para investigar possíveis irregularidades na vacinação contra o novo coronavírus entre servidores estaduais.
Segundo Janaína, justamente para evitar a situação, a área técnica da SES-MG teria orientado o governador a não promover o ato em Confins, sem sucesso.
“A caixa saiu do avião e foi direcionada até o evento, não era uma recomendação técnica que o evento ocorresse justamente em razão do excesso de luminosidade. (Foi avisado) que essa vacina estaria à mercê de variação de temperatura, o que ocorreu. Percebendo que aquelas vacinas poderiam ter que ser descartadas, caso fossem enviadas ao interior, resolvemos vacinar a equipe que estava na Central de Frio trabalhando para organizar as doses que iriam para outras cidades”, afirmou a diratora.
“Naquele momento havia uma insegurança muito grande com a vacina, as pessoas duvidavam ainda da eficácia. O evento foi importante para aumentar a conscientização, mas do ponto de vista técnico a gente sabia do risco de desvio de temperatura, o que realmente aconteceu”, complementou a servidora.