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Seu bebê respira mal durante o sono? Saiba como isso pode afetar a vida adulta

Por Dentro De Tudo:

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Um estudo elaborado por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) verificou que bebês que passam por períodos de baixa oxigenação, principalmente durante o sono, podem ter, como consequência, predisposição à hipertensão arterial na vida adulta. A descoberta, segundo os pesquisadores, pode ajudar a entender as origens da hipertensão e também auxiliar no surgimento de novas linhas de pesquisa sobre o assunto.

Segundo o professor da Faculdade de Odontologia da Unesp Araraquara e pesquisador do estudo, Daniel Zoccal, o motivo do experimento é entender as bases da hipertensão arterial, um mal que acomete grande parcela da população. O Ministério da Saúde estima que ao menos 26% da população tenha diagnóstico de pressão alta.

“O problema da hipertensão é que ela não tem sintoma específico, então, você não sabe que é hipertenso até você aferir a pressão”, diz. “Existe algo que a gente desconhece ainda sobre causa da hipertensão arterial”, comenta.

Estudo

Durante os estudos, feitos com ratos, os pesquisadores induziram a hipóxia (baixa oxigenação) em períodos controlados durante o sono dos animais com até dez dias de nascimento. “Estudos mostram que a hipóxia é capaz de causar, não sabemos o porquê, o que a gente chama de plasticidade, uma reconfiguração do nosso cérebro. E a infância é um período em que o bebê está se desenvolvendo”, comenta.

O professor explica que essa reconfiguração é uma má adaptação do cérebro aos períodos de pouco oxigênio. A consequência dessa má oxigenação seria a diminuição do vaso sanguíneo, o que aumenta a pressão.

“Existe uma região no cérebro que é importante para manter os níveis de pressão arterial nos valores fisiológicos. O fato de o bebê ter sido exposto à hipóxia promove o aumento da quantidade de uma certa proteína no neurônio. E essa proteína leva à má adaptação do neurônio, que começa a ter uma atividade maior”, continua. “Como consequência, isso aumenta o sinal para os vasos sanguíneos promoverem uma vasoconstrição, ou seja, fechar, não por completo, mas diminuir o volume. E aí a pressão sobe”, conclui.

Descoberta promissora

O estudo ainda é inicial e deve demorar um bom tempo até chegar nos testes em humanos, mas, segundo Zoccal, é algo promissor. A pesquisa pode ajudar a entender um pouco mais sobre a hipertensão. Além disso, confirmando a tese de que a hipóxia na primeira infância tem relação direta com a hipertensão, acende o alerta para prevenção e tratamento desses problemas. 

“Isso pode ser uma nova linha de pesquisa para a gente desenvolver, talvez, medidas terapêuticas específicas para quem teve problemas respiratórios na infância, por exemplo”, sugere o professor. “Vou te dar dois exemplos de patologias que podem levar a essa exposição à hipóxia: uma é a chamada apneia da prematuridade, que acomete bebês que nascem prematuros e acabam tendo problemas para respirar. Ou você pode ter uma criança que, durante o sono, tem alguma obstrução das vias aéreas superiores, às vezes, por uma alergia muito forte, como inflamação de amígdalas”, exemplifica Zoccal.

Ele lembra que o diagnóstico de hipóxia em bebês pode ser feito por meio de exames como a polissonografia (que monitora o sono do paciente na clínica). No entanto, segundo o professor, será a observação atenta dos pais que irá acender o alerta para um possível problema respiratório. 

Fonte: O Tempo.

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